11.9.13

11 de Setembro

Ou "há 40 anos no Chile".

Há 40 anos no Chile ocorria o culminar da acção da CIA para acabar com a "ameaça marxista nas Américas".

Tentaram de tudo:greves de tranportes subornadas em dólares americanos; jornais comprados na mesma moeda; açambarcamento de bens de primeira necessidade; ricas donas de casa a pegarem em testos pela primeira vez para os virem bater para a rua; assassinato do comandante em chefe das forças armadas por ser fiel à constituição e ao Povo. Enfim tudo.

Mas nada parecia quebrar a força de um Povo que tinha decidido que tinha direito a sê-lo; que tinha decidido construir e fazer crescer o país, tomando conta da sua produção agrícola e industrial e fazendo cultura. Um Povo que tinha decidido ser Futuro e era exemplo (e que perigoso que é o exemplo!).


Por isso e porque Kissinger não percebia porque precisava de ficar parado a ver um país tornar-se comunista devido à irresponsabilidade do seu próprio povo ("I don't see why we need to stand by and watch a country go communist due to the irresponsibility of its own people.") foi preciso acabar com aquele país que se levantava e com aquele Povo que se orgulhava de o ser.

Então fez-se um golpe militar, bombardeou-se La Moneda, assassinou-se o presidente e quantos o defendessem. Prenderam-se e torturaram-se dezenas de milhar nos dias seguintes, tranformou-se o estádio nacional em centro de detenção e tortura.

O dia 11 de Setembro de 1973 é um dia negro na História, perderam-se milhares de homens e mulheres dos melhores que o Chile tinha para oferecer ao Mundo. Salvador Allende desde logo, mas também Victor Jara e Pablo Neruda e tantos que nem chegámos a saber quem eram, já nos tinham sido roubados.

A procura do lucro sempre crescente faz isto: rouba-nos do que de mais bonito podíamos ter, ver ou fazer.
Foi isto o 11 de Setembro no Chile, a retaliação do capital contra um Povo que não queria ver-se despojado das suas riquezas por empresas multinacionais de capital estrangeiro; contra um Povo que tinha decidido que a terra era sua, o cobre também e, sobretudo, a decisão e a vida eram suas.


Por este crime hediondo ainda ninguém pagou embora os culpados sejam sobejamente conhecidos.
Não nos peçam que esqueçamos!