27.1.10

O pai da nossa democracia


Quando estava no 12º ano, não me lembro a propósito de quê, a minha professora de Biologia referiu-se a Mário Soares como o pai da nossa democracia, numa aula.

Inicialmente estranhei, mais estranhei quando reparei que ela olhava para mim enquanto o dizia. E estranhei porque tinha a professora em boa conta política e não lhe conhecia o hábito de usar a ironia em aula. Depois percebi que, de facto, era uma ironia muito dirigida, já que a minha turma era composta quase exclusivamente por analfabetos políticos (sim, desses do Brecht).

Acho que ela tem razão, Mário Soares é um dos grandes responsáveis pela desgraça da nossa democracia e pela traição das promessas e das conquistas de Abril.

É precisamente por isso que não acho nada estranho que tenham escolhido para perspectiva da nova série da RTP sobre a república portuguesa "o olhar privilegido de Mário Soares". Nem que façam dele "a personagem principal" deste... "documentário".

Está até muito bem...

22.1.10

O FMI

Segundo o DN:

"A economia portuguesa cresce apenas 0,5% este ano, após uma contracção de 2,7% em 2009; o desemprego vai chegar aos 11% da população activa, afectando 600 mil portugueses no final do ano e o défice público vai continuar a agravar-se. Para equilibrar as contas do Estado, a opção terá de passar por um aumento da taxa do IVA, "ajustamentos" nos salários públicos, com ganhos nulos até 2014, e acertos futuros nas pensões, avisa o Fundo Monetário Internacional (FMI). "

O FMI acha que a consolidação orçamental passa pela "redução da massa salarial do sector público" e das "transferências sociais" e pede a revisão do "sistema dos subsídios de desemprego".

Aconselha o "alargamento da base da tributação" e o aumento do IVA e pede que sejam "reconsiderados" os "grandes aumentos previstos para o salário mínimo".

Eu devo ser uma pessoa estranha ou não perceber mesmo nada deste tema, mas, para mim, aqui há uma grande contradição.
Eu tinha para mim que se 11% da população, 600 mil pessoas, estarão desempregadas no fim do ano, seria pelo menos humano não reduzir os subsídios de desemprego. Parece-me até que o acesso a eles devia alargar-se. Menos ainda me parece que se deva aumentar o IVA que ataca a todos por igual mas a quem dói mais é sempre a quem menos tem (que paradoxalmente também costuma ser quem mais produz).
Claro que as contas do Estado não são um assunto simples, mas parece-me que há muito por onde poupar, a começar por punir os corruptos e impedir mais desfalques e negociatas.

Mas eu não percebo nada disto e os senhores do FMI em Washington estão seguramente a zelar pelo meu bem-estar enquanto portuguesa e as suas propostas são certamente ditadas pelo grande sentido altruísta que os anima.

Agora o que de facto percebo é que 25€ de aumento no salário mínimo não é um "grande aumento". E também percebo que, não sendo um grande aumento, faz diferença no orçamento familiar ganhar 475€ em vez de 450€. Claro que os senhores do FMI não podem perceber isto porque 25€ no salário deles não é nada.

O FMI é desumano!
O FMI mete nojo!
O FMI tresanda!
O FMI que vá cagar sentenças para a p*ta que o pariu!

18.1.10

Cada vez há menos cegonhas

"Nunca nasceram tão poucas crianças em Portugal"

É este o título do artigo do Público que nos dá conta que nasceram em 2009 menos 4 mil crianças que em 2008.

Parece que os 200€ do nosso 1º ministro não são muito convincentes...

O senhor médico queixa-se da crise e da "desagregação completa do conceito de família" e das "actuais prioridades dos casais".

A senhora socióloga congratula-se pelas conquistas sociais que estes dados revelam.

Ora, a senhora socióloga tem razão em muito do que diz, o planemento familiar é, de facto, uma grande conquista social, no entanto o senhor médico também tem alguma razão em queixar-se da crise. Acho é que já não tem tanta em relação à "desagregação completa do conceito de família".

Eu conheço muita gente de vinte e poucos anos que quer ter filhos, mas conheço muito pouca que queira ter filhos para eles serem criados pelos avós.
Ou que os queira ter sem saber se ainda tem emprego dalí a uns mesitos.
Ou que queira ter filhos antes de ter o primeiro emprego, já que aos 28 anos ainda está a estudar aquele doutoramento que a impede de dizer "Estou desempregada".
Ou que se decida a tê-los quando faz as contas e o salário que ganha não chegaria para as fraldas.
Ou que se decida a engravidar sabendo que isso lhe custaria a renovação do contrato precário e a prazo que tem.
Ou que...

Pois é, acho que está mais ou menos clara a causa da baixa taxa de natalidade portuguesa.

17.1.10

Hesitações de um pombo


-Vamos todas para aquele telhado além!




- Eu não quero ir! Não vou! Não vou , não vou e não vou!




- Pronto! Está bem, eu vou...


Mais fotografias de Celorico da Beira e do respectivo castelo aqui.

16.1.10

O Passeio do Raimundo

Quando, há uns meses, li a História do Cerco de Lisboa do José Saramago, fiquei com vontade de fazer o passeio do Raimundo, a personagem principal do livro, pela zona da antiga muralha moura.

Há uns dias, tendo ido a Lisboa por outros motivos, aproveitei a tarde livre para o fazer. Não tinha levado o livro de modo que, além de arranjar um mapa tinha que ir consultar o livro para ver o percurso. Arranjei um mapa no turismo, mas não tinha o nome de todas as ruas do Bairro do Castelo. Fui à Fnac do Chiado à procura do livro, mas, apesar de ter uma enorme selecção de livros do Saramago, não tinha a História do Cerco de Lisboa. Lá encontrei o livro noutra livraria e anotei o percurso que tinha que seguir. Dirigi-me à toa para o bairro do Castelo sem saber muito bem para onde, já que as ruas que eu queria encontrar não apareciam no mapa do El Corte Inglês que me tinham dado no turismo.

Parecia que ia ser uma tarefa complicada, mas deve ter havido um rearrajo astral qualquer porque, de repente, olhei para uma placa toponímica e ela dizia "Escadinhas de São Crispim"! O princípio do percurso!




Daí desci a Calçada do Correio Velho


até ao Largo de Santo António da Sé.



Continuei pela Rua da Padaria



até à Rua dos Bacalhoeiros



Encontrei o Arco das Portas do Mar,


o Arco Escuro


e o Arco da Conceição.


O Arco da Conceição estava em obras, custou-me mais a encontrar e não vi a respectiva fonte. No Arco escuro dava para um beco e o Arco da Conceição tinha um gatito simpático de cauda cortada.

Na Rua da Padaria ainda havia uma funerária e no Largo de Santo António da Sé ia a passar o eléctrico 28.

Nas Escadinhas de São Crispim não encontrei nenhum cão magro de olhos suplicantes como encontrou o Raimundo, mas encontrei isto no corrimão:

Só por isto já valia a pena o passeio!

9.1.10

5.1.10

As entradas


Ele já não teve, mas fez com que as nossas fossem deliciosas!