21.12.11

Não é nada mau sinal

Hoje estive com um senhor (com idade suficiente para ter conhecido o tempo da outra senhora mas insuficiente para se reformar) que estava muito indignado com o convite do Primeiro Ministro à emigração dos professores, logo secundado e generalizado às outras classes profissionais por Paulo Rangel.

Ele perguntava "até quando" ía isto estar assim (a vergonha que se vê).
Eu respondi-lhe que até estalar, que eu andava a ver quando podia estalava.

Ele riu-se da expressão tão aberta do meu desejo (está habituado a ver mais resignação ou a revolta mais velada) e disse numa manifesta declaração de disponibilidade:

      - Eu já fiz um 25 de Abril!

Como quem diz "quem faz um faz dois".

Ainda que eu saiba que as coisas não são assim tão simples é bom ver esta disponibilidade e este desejo.
É que há mais quem saiba que há alternativa à Austeridade e queira fazer por ela (a alternativa, claro).

Cá estaremos para a construir!

Das taxas moderadoras

Sem querer entrar numa grande explicação sobre a injustiça das taxas moderadoras quero dizer o seguinte:

1- As taxas moderadoras são injustas qualquer que seja o seu valor;
2- As taxas moderadoras são injustas mesmo que sejam mais altas para ricos e mais baixas para pobres (porque essa diferença se faz nos impostos ,sobre os rendimentos e não no SNS)
3- Que a Contituição da República Portuguesa diz no seu artigo 64º que imcumbe prioritariamente ao Estado "Garantir o acesso de todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica, aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitação "

E dizer que espero nunca ser atendida em nenhum hospital pela bastonária da Ordem dos Enfermeiros (Enf.ª Maria Augusta Sousa) porque me parece que tem um défice de inteligência maior do que o buraco financeiro da Madeira. Se assim não fosse talvez lhe ocorresse que melhorar as condições de trabalho e salariais dos enfermeiros seria uma forma muito melhor de valorizar o trabalho dessa classe profissional do que taxar (perdão, moderar) os utentes do SNS pelos seus serviços.


Adenda:
Na sequência do comentário informado do Paulo Anacleto sinto-me na obrigação de referir no post que a Ordem dos Enfermeiros efectivamente repudiou, através de uma nota de imprensa do seu Conselho Directivo, o aumento das taxas moderadoras.


No entanto, não deixa de ser verdade que a Bastonária acima referida se pôs bem a jeito para a Antena 1 empolar desmesuradamente (e talvez até distorcendo o que a senhora disse) as suas palavras (audíveis aqui). Alguém com cargos com esta importância e tempo de antena tem que pensar melhor no que diz antes de dizer.


De qualquer modo agrada-me muito (naturalmente) a posição oficial da Ordem dos Enfermeiros.

12.12.11

Saiu de casa

Saiu de casa apressada ainda que sem horário fixo para chegar a lado nenhum.
Saiu de casa com pressa de sair de casa, fugindo dos afazeres.
Saiu de casa com passo rápido e a ouvir um punk-rock animado na esperança de libertar pressão.
Saiu de casa de mandíbula apertada como quem mastiga uma raiva ou um desespero.
Saiu de casa na urgência de relaxar, sentou-se na esplanada e pediu um café.

23.11.11

Pessoas bonitas # 9

Hoje a pessoa bonita é cá de Coimbra:


Alberto Vilaça nasceu em Coimbra em 1929 onde estudou Direito e exerceu a profissão de advogado.


Fez parte do Conselho Cultural da Associação Académica de Coimbra (1949-50) e da Direcção Geral da mesma (1950-51).

Desenvolveu uma intensa actividade anti-fascista tendo aderido ao PCP em 1949. Foi presidente da Mesa da Assembleia Geral do Ateneu de Coimbra (1952-55 e 1967-71); pertenceu às ccomissões centrais do MUD Juvenil e do MND assim como à Comissão Nacional do III Congresso da Oposição Democrática.
Foi preso seis vezes pela PIDE.

Após o 25 de Abril, presidiu à Junta Distrital de Coimbra (1974-75) e fez parte da Assembleia Municipal desta cidade (1978-79 e 1983-89).

Integrou a Comissão de Toponímia da Câmara Municipal de Coimbra e foi condecorado com o grau de grande oficial da Ordem da Liberdade pelo ex-Presidente da República Jorge Sampaio.

Publicou vários livros pertenceu ainda aos conselhos de redacção das revistas "Via Latina" e "Vértice" e foi sócio fundador da Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo.

Aqui podeis ler a intervenção de António Pedro Pita, à data Director Regional da Cultura do Centro, a 8 de Novembro de 2008, numa homenagem, realizada no âmbito do I Encontro Nacional da Toponímia, em Coimbra.

Dia 24 de Novembro é dia de Greve Geral!
É já amanhã!

22.11.11

Céus! #12

Ana Martins, Herdade de Gouveia de Baixo, Montemor-o-Novo, Portugal; Outubro 2011

Pessoas bonitas # 8

Hoje vem cá à Eira Soeiro Pereira Gomes.



Nasceu em 1909 na aldeia de Gestaçô, concelho de Baião (Douro), de uma família de pequenos agricultores. Aprende a ler com o pai ainda antes da escola primária. Tira o curso de regente na Escola Agrária de Coimbra e parte para Angola em 1930 de onde regressa insatisfeito em 1931. Nesse ano casa com Manuela Câncio Reis, fixa residência em Alhandra e emprega-se no escritório da fábrica Cimento Tejo.
No final dos anos 30 adere ao PCP e participa activamente na actividade do PCP no Baixo Ribatejo.

Soeiro Pereira Gomes foi pioneiro do movimento neo-realista, colaborou nos jornais Sol Nascente e O Diabo, organizou cursos de ginástica para os operários da Cimento Tejo, ajudou a criar bibliotecas populares em sociedades recreativas e uma piscina para o povo de Alhandra onde se formou Baptista Pereira (grande nadador, comunista e inspiração para a personagem Ginêto dos Esteiros).

Com Alves Redol e Dias Lourenço promoveu excursões de fragata no Tejo, onde se estabelecia contacto político fora da vista do regime fascista.
Entre 1940 e 1942 participa na re-organização do PCP e integra o Comité Regional do Ribatejo com Dias Lourenço e Carlos Pato.
Em 1941 a editora Sirius publica Esteiros com ilustrações de Álvaro Cunhal, de que diz Soeiro Pereira Gomes "Para os filhos dos homens que nunca foram meninos, escrevi este livro".

Pela janela aberta da moradia de Soeiro Pereira Gomes ouviam-se as notícias da rádio sintonizada na BBC (proíbida nos cafés) para dar a conhecer a evolução da II Guerra Mundial através das notícas de Londres em Português.
É obrigado a mergulhar na clandestinidade na sequência das greves de 8 e 9 de Maio de 1944, ano em que escrevia Engrenagem que nunca chegou a terminar.
É eleito para o Comité Central do PCP no IV Congresso na Lousã em Julho de 1946, é destacado para o Sector de Lisboa e torna-se membro da Comissão Executiva do Movimento de Unidade Nacional Anti-Fascista (MUNAF) e acompanha a actividade dos camaradas que actuam no Movimento de Unidade Democrática (MUD).
Participa ainda na campanha presidencial de Norton de Matos em 1949 mas uma doença grave destroi-lhe a resistência física, vindo a morrer em Lisboa a 5 de Dezembro do mesmo ano.

Soeiro Pereira Gomes dá nome ao centro de trabalho do PCP situado na rua com o mesmo nome em Lisboa. Para ler sobre ele textos de quem muito melhor escreve do que eu clicar aqui.

Demorei muito a começar a ler Soeiro Pereira Gomes mas recomendo vivamente.
Ao ver as datas dos contos que compõem Contos Vermelhos pensei "Ainda faltava tanto!"
O Soeiro Pereira Gomes não chegou lá (à liberdade, claro) mas deu um grande contributo para que nós (todos, sem olhar a quem) pudéssemos chegar. É claramente uma "pessoa bonita", excelente companhia para as que já cá vieram fazer visita antes.

Dia 24 de Novembro é dia de Greve Geral!

18.11.11

Pessoas bonitas # 7



Não menosprezando o trabalho revolucionário dos homens, hoje trago à Eira "pessoas bonitas" que são mulheres do Couço.

Trago-vos mulheres que lutaram activamente pela jornada de oito horas nos campos do Alentejo.

Trago-vos:
Madalena Henriques
Maria da Conceição Figueiredo
Maria Galveias
Maria Rosa Viseu
Custódia Chibante
Olímpia Brás

Deixo cá também um relato de Maria Rosa Viseu, de um episódio de luta bem sucedido:

"Naquele tempo trabalhávamos de sol a sol. Saiamos de casa de noite, entrávamos em casa de noite.Outras vezes trabalhávamos de empreitada. Chegávamos ao trabalho os manageiros talhavam as empreitadas, quando as acabávamos íamos para casa. O patrão para quem nós trabalhávamos, não deixava o manageiro talhar as empreitadas, era ele que as talhava. Talhava-as muito grandes que nós quase nunca as acabávamos. Era ele que ia sempre despegar-nos do trabalho. Começámos a ver que o patrão nos queria enganar.Nenhuma de nós tinha relógio. Começamos a guiar-nos pela camioneta da carreira, que passava sempre às 5 h da tarde, era branca, toda branca, pensámos que não podíamos trabalhar mais tempo. Uma das mulheres sobe ao cabeço, vê passar a camioneta e diz para as companheiras: - a noiva já lá vai.Uma delas, mais idosa, pergunta ao manageiro: - então não nos despega? Olhe que já são horas!– Não tenho ordens para as despegar!- Ah não? Pois então despegamo – “se” a gente.Ela saltou de dentro do canteiro do arroz para o “combro” (parede de suporte de terreno em socalco) e 70 mulheres fizeram o mesmo e viemos para casa.No outro dia, ao nascer do sol, lá estava o patrão e nós negociamos com ele. Se não nos viesse despegar a horas, não trabalhávamos mais. O arroz estava cravadinho de erva. O patrão, como precisava da gente, concordou.Foi sempre assim, tínhamos de lutar por tudo, até para ter a cozinha à sombra. O patrão queria que a cozinha ficasse o mais perto do trabalho, para não perdermos tempo no caminho. Não se importava que comêssemos ao sol ou à sombra. Sofremos muito!"

Levadas pela PIDE, espancadas e torturadas por lutarem pelo direito à família, ao descanso, ao convívio, à recompensa do seu trabalho, à igualdade, à dignidade ao fim ao cabo.
Eram todas operárias agrícolas do Couço. Todas menos letradas do que quase toda a população portuguesa, mas com consciência de classe e com a certeza de que tinham direitos e tinham razão! Todas muito mais sabedoras do que a maioria da população portuguesa!

São todas "pessoas bonitas". São lindas!

Dia 24 de Novembro é dia de Greve Geral!


65 anos da FMJD


Há uns dias lembrei que a Federação Mundial da Juventude Democrática fazia 66 anos.

Hoje convido a que passem os olhos sobre a exposição do 65º aniversário da mesma organização.






Está aqui: http://www.wfdy.org/wp-content/uploads/2011/11/65years_expoweb.pdf

Pequenas delícias da nossa Constituição # 14

"1. Todos os trabalhadores, sem distinção de idade, sexo, raça, cidadania, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, têm direito:
a) À retribuição do trabalho, segundo a quantidade, natureza e qualidade, observando-se o princípio de que para trabalho igual salário igual, de forma a garantir uma existência condigna 
b) A organização do trabalho em condições socialmente dignificantes, de forma a facultar a realização pessoal e a permitir a conciliação da actividade profissional com a vida familiar; 
c) A prestação do trabalho em condições de higiene, segurança e saúde;  
d) Ao repouso e aos lazeres, a um limite máximo da jornada de trabalho, ao descanso semanal e a férias periódicas pagas 
e) À assistência material, quando involuntariamente se encontrem em situação de desemprego 
f) A assistência e justa reparação, quando vítimas de acidente de trabalho ou de doença profissional."

17.11.11

Pessoas bonitas # 6

Quebrando a linhagem masculina que dominou as primeiras 5 pessoas bonitas aqui da Eira, hoje surge uma mulher. A Virgínia Moura.


Foi a primeira engenheira civil portuguesa e impedida de exercer na função pública por se opôr à ditadura.
Estudou Matemáticas e frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Era uma intelectual activa; foi presa políticamente 16 vezes e passou a sua vida a lutar pela transformação social.

Para conhecer um pouco mais da sua vida sugiro a leitura do seu livro "Virginia Moura, mulher de Abril - Álbum de Memórias". Para saber mais em pouco tempo sugiro a leitura deste documento.

Virgínia Moura foi imparável na luta pela melhoria de todas as nossas vidas.

Dia 24 de Novembro é dia de Greve Geral!

Pessoas bonitas # 5

Pois foi, o Samuel Quedas, no Cantigueiro antecipou-se-me e fez um excelente post sobre o António Gervásio.



Não deixa de ser uma "pessoa bonita", só que eu tenho menos trabalho!

Dia 24 de Novembro é dia de Greve Geral!

15.11.11

Pessoas bonitas # 4

Como andei por fora nos últimos, tenho muitas pessoas bonitas que já deviam estar por cá.

Vou começar pelo reconhecidíssimo matemático Bento de Jesus Caraça.



Bento de Jesus Caraça nasceu em 1901 e faleceu muito cedo, em 1948, mas não se pense que fez pouco.

Além de ser professor universitário participou em diversas publicações, das quais distingo a Gazeta da Matemática, a Seara Nova e a Vértice; fundou a Biblioteca Cosmos da qual foi o único director;


Militante anti-fascista e do Partido Comunista Português, participa activamente na Liga Portuguesa contra a Guerra e o Fascismo e no Socorro Vermelho Internacional. É co-fundador do MUNAF, em 1943, e do MUD, em 1945. É preso pela PIDE e demitido do seu lugar de professor catedrático do I.S.C.E.F., em Outubro de 1946.

Entre os seus escritos mais conhecidos está a conferência, a Cultura Integral do Indivíduo - Problema Central do Nosso Tempo.

Mais uma pessoa bonita que vem embelezar a Eira e, com o seu exemplo, chamar à participação na Greve Geral.

Dia 24 de Novembro é dia de Greve Geral!

10.11.11

Pessoas bonitas # 3

Quando ontem pensei numa "pessoa bonita" para vos trazer hoje não foi por esta que efectivamente trago que me decidi. Mas hoje dei conta que tenho motivo acrescido para trazer à Eira a pessoa bonita que foi (é) o Álvaro Cunhal.

Faz hoje 98 anos nasceu, em Coimbra (embora isso seja mais ou menos irrelevante) Álvaro Cunhal.



Dedicou toda a sua vida consciente (ninguém tem, nem deve ter que ter, consciência política na infância) à construção de uma sociedade que acreditava (e eu também) ser bem melhor do que aquela em que vivemos.
Lutou cá e no estrangeiro. Foi preso, torturado, exilou-se, regressou, ajudou a construir um Portugal novo e um Mundo novo também.

Foi um ser humano formado integralmente, na política, na cultura, nas artes, com o seu interesse e análise também na ciência.

Deixou-nos análises políticas impressionantes de tão correctas nas previsões e tão fundamentadas que passariam o crivo de qualquer das melhores revistas científicas do mundo. Escreveu ficção e desenhou.



Mas sobretudo, trabalhou sistematica e altruísticamente pelo colectivo nacional, sem vaidades (tantas e tantas vezes pondo em risco bem para além do bem-estar, a sua integridade física e vida), olhando sempre para a frente, preparando sempre o Futuro, sem nostalgias nem frustrações que deitassem por terra a sua firmeza ideológica.

Álvaro Cunhal foi, sem dúvida, dos mais inteligentes portugueses do século XX (e se calhar isto é dizer pouco) e dos mais generosos e patrióticos também. É, sem dúvida nenhuma, uma "pessoa bonita" extremamente bonita.

Dia 24 de Novembro é dia de Greve Geral!





Nota: Há mais quem se lembre dele com saudade e admiração (sugestão e sugestão)

Aniversários importantes

Hoje fazem anos duas organizações que muito prezo.

A que me é mais próxima (geográficamente e a nível de história pessoal): a Juventude Comunista Portuguesa.
Não me vou alongar sobre ela (já o fiz em há dois anos) quero só assinal os 32 anos da JCP e saudar o seu grande trabalho de organização da Juventude portuguesa e de solidariedade e cooperação internacionais.

A mais abrangente (embora menos próxima): a Federação Mundial da Juventude Democrática.
Convido a que visitem a página web da FMJD para que percebam um pouco mais do trabalho, do alcance e da importância desta organização mundial.

Formou-se em 1945, à saída da II Guerra Mundial e em 66 anos de História não degenerou apesar das pressões e dificuldades crescentes contra a sua natureza democrática e solidária; de comunhão e luta; de organização e alegria (ou não fosse ela uma organização de juventude) e, claro, pacífica e anti-imperialista (passo a redundância).

A FMJD organiza o Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, que teve a sua última edição em Dezembro de 2010 na África do Sul sob o lema "Derrotemos o imperialismo, por um mundo de paz, solidariedade e transformação social"

Decorre esta semana, em Lisboa, na sede da Voz do Operário a 18ª Assembleia da FMJD que termina  com um Comíicio-Festa também na Voz do Operário.

Parabéns às duas!

9.11.11

Pessoas bonitas # 2

A próxima personagem que quero lembrar como "pessoa bonita" do nosso país é uma das mais caluniadas e apagadas na nossa História recente.

A "pessoa bonita" lembrada e homenageada hoje na Eira é o Coronel Costa Martins.



O coronel Costa Martins não foi "só" um dos capitães de Abril, foi quem sozinho tomou o Aeroporto de Lisboa num dos mais arriscados (e necessários) bluffs de que alguma vez ouvi falar.

Para conhecer a biografia do Coronel Costa Martins e o seu papel tanto no 25 de Abril de 1974 como no 25 de Novembro de 1975 convido a que visitem este post do blog Reflexos da Vida (de onde também "roubei" a fotografia no nosso Coronel).
A biografia que sugiro só peca por omissão do período em que Costa Martins foi Ministro do Trabalho dos Governos Provisórios do General Vasco Gonçalves (a nossa pessoa bonita #1).
É bom lembrar que foi nos governos em que Vasco Gonçalves era 1º Ministro e Costa Martins Ministro do Trabalho que o nosso povo alcançou as maiores conquistas no plano dos direitos laborais de que há História.
Costa Martins teve também parte activa na "Campanha Mobilizadora de Sentimentos Nobres da População Activa" conhecida por  "Dia do Salário para a Nação".  Este foi um dos temas que usaram para o caluniar. Particularmente António Arnault, deputado do PS a 15 de Janeiro de 1976, na Assembleia Constituinte acusou Costa Martins de se ter apropriado indevidamente de dinheiro proveniente de dita campanha.
Este assunto só foi  esclarecido na década de 80 e por inicativa do próprio Coronel, tendo sido ilibado de todas as acusações.

Costa Martins é provavelmente das mais maltratadas das nossas "pessoas bonitas". Depois de ter um papel fulcral na libertação do nosso povo da ditadura e na construção da liberdade de que todos usufruímos foi obrigado a exilar-se na sequência do 25 de Novembro e durante mais de 2 anos.

A sua carreira militar foi reconstruída muitos anos mais tarde, na sequência de um processo judicial que moveu contra o Estado. Viu então considerada a sua antiguidade, sendo promovido a Coronel. Em 1996 passa à reserva e em 2000 à situação de reforma.

Faleceu a 6 de Março de 2010 num desastre de aviação.

O Coronel Costa Martins é uma das mais bonitas destas "pessoas bonitas" da Eira. Levou uma vida inteira a lutar pelo colectivo nacional (e a sofrer as consequências de o fazer). Façamos nós agora a nossa parte.

Dia 24 de Novembro é dia de Greve Geral!

8.11.11

Pessoas bonitas #1

Sim! Mais de um mês depois da última entrada é criada uma nova rubrica na Eira.
Intitula-se "Pessoas bonitas" e como é da Eira está bom de ver que sendo modelos não é por causa do seu bom aspecto físico (ou pelo menos não só).

Esta rubrica nova é de apelo à luta e em concreto e mais no imediato à Greve Geral de dia 24 de Novembro. Serve para lembrar pessoas que lutaram e fizeram coisas importantes pelo colectivo nacional (por este povo inteirinho) ou que foram rosto dessas coisas, dessas mudanças. Não posso pôr cá todas, afinal eu nem conheço a maioria delas, nem sei que existem ou existiram.

Num tempo em que nos exigem sacrifícios parece-me bom lembrar os sacrifícios que valeram a pena (e ainda valem).

A primeira pessoa bonita que cá trago é actor habitual no palco da Eira e das mais bonitas do nosso país.

É o General Vasco Gonçalves.


Poucos Generais serão conhecidos por "Companheiro" por esse mundo fora. Nós temos o privilégio de o ter tido como 1º ministro. Para mais informações sobre o "Companheiro Vasco" ver aqui.

Pessoas assim tão bonitas que travaram batalhas por tantos de nós merecem bem que travemos as nossas.

Dia 24 de Novembro é Greve Geral!

21.9.11

No dia internacional da Paz



Hoje é o dia internacional da Paz. Uma senhora de quem gosto muito diz (e não sem razão) que os governantes em geral criam um dia internacional para todas as causas a propósito das quais não tencionam fazer nada.
Ainda assim nada nos impede de aproveitar esses dias para darmos uma voz especial a essas causas (mas convém não nos esquecermos de fazer por elas todos os dias).

No dia internacional da Paz seguramente haverá mortos em muitas guerras, no Afeganistão, no Iraque, na Líbia, na Palestina (para esses parece que a guerra nunca acaba). Haverá mortos onde nem nos lembramos que há guerra, no México, no Iémen, na Colômbia, nas Honduras (e em demasiados outros). Haverá os mortos do absurdo da guerra das farmacêuticas contra a Humanidade (que outra não é que a do capitalismo contra a Humanidade), ou seja, os que morrem de cólera e paludismo, de sarampo, de tuberculoses, de coisas estúpidas dessas com curas simples e baratas, mas caras demais para quem delas sofre.

No dia internacional da Paz decorrerá ainda a mais longa, feia e mortífera de todas as guerras, a Fome (também essa mais uma cara da guerra do capitalismo contra a Humanidade e o Humanismo).

No dia internacional da Paz deixo cá na Eira um dos maiores lutadores pela Paz (ainda que possa parecer um paradoxo não o é) de que tenho conhecimento. Este não tem o prémio Nobel da Paz, mas pensando bem nos laureados, talvez até fosse insultuoso para ele ser-lhe atribuído.
No dia mundial da Paz deixo cá na Eira o Pete Seeger.



19.9.11

Só ao tiro!

Hoje no Público:

"todos os restaurantes têm sobras, comida boa que normalmente vai para o lixo, e há cada vez mais pessoas carenciadas, a quem o desemprego bateu à porta ou cujo salário não chega para comer. "Só é preciso que alguém faça a ponte entre as duas realidades." "

Pois é, quando o problema é desemprego ou o salário não chegar para comer é preciso é caridadezinha!
É preciso um "voluntário" que leve a comida que seria desperdiçada num restaurantes, às escondidas, àqueles que querendo trabalhar não o podem fazer ou que (e esta então, ignomínia sem nome) trabalhando, têm um salário que não lhes chega para comer.

É incrível! A notícia deste esterco de jornal consegue dar conta de situações que deviam envergonhar os que nos falam de apertar os cintos e nos deitam as culpas da crise por causa de um crédito de habitação que o banco nos impingiu e sugere que a solução para dar de comer às pessoas é sopa que chega azeda ao destino!

Só ao tiro!

11.9.11

No 11 de Setembro



Não ter televisão poupou-me hoje ao bombardeamento (salvo seja) de notícas sobre o 11 de Setembro de 2001. A julgar pela página inicial do Público online ainda bem...

Sinto quase sempre um cansaço considerável quando ouço notícias sobre o 11 de Setembro de 2001, com uma leve pitada de irritação.
Não é que não entenda que o desmoronar das torres representou um enorme drama humano para milhares de pessoas e famílias, isso entendo perfeitamente. O que me irrita realmente é o aproveitamento que desse drama é feito. Com esse drama se justificou o esforço de guerra adicional dos EUA por todo o mundo, mas sobretudo no Médio Oriente. Com ele se manipulou e embruteceu um povo, aproveitando e potenciando medos, o medo da guerra e o da destruição, mais do que justos e fundados, diria mesmo que óbvios (afinal, não há povo que não procure a Paz).

Com o ataque ao World Trade Center se vitimizou um governo assassino e sanguinário, na linha de outros governos igualmente assassinos e sanguinários do mesmo país. Seguidores de uma mesma política de ingerência politico-militar em estados soberanos e de uma economia em que o prato da balança em que se colocam os barris de petróleo pesa sempre mais do que o das vidas humanas.

Podemos acreditar na versão de vítima do governo dos EUA ou nas teorias da conspiração que nos dizem que tudo aquilo foi orquestrado pelo próprio governo Bush (e o Obama não desaproveitou nada), ou mesmo em nenhuma das duas. Em qualquer dos casos não podemos deixar de concluir que todo aquele drama humano, toda aquela morte e todo o horror do 11 de Setembro de 2001 (que o foi para muitas, muitas famílias) se devem à política de guerra, de desrespeito pelo direito internacional e pela auto-determinação dos povos desde sempre levada a cabo pelos governos dos EUA. Política bem evidenciada pela célebre frase do Henry Kissinger (sim, esse que foi Nobel da Paze m 1973) a propósito do Chile: "I don't see why we need to stand by and watch a country go communist due to the irresponsibility of its own people." ("Não vejo porque precisamos de ficar parados a ver um país tornar-se comunista devido à irresponsabilidade do seu próprio povo").

O 11 de Setembro de 2001 é consequência exactamente das mesmas opções politico-económicas, da mesma estratégia de relações internacionais, da responsabilidade do governo dos EUA, que o 11 de Setembro de 1973. Esse claramente um atentado da Casa Branca, um crime hediondo sobre o povo chileno, crime que não começou nem acabou nessa data nem nesse país. A manipulação da comunicação social, o untar de mãos, a agitação, as greves pagas em dólares, os atentados e os assassínios (como o do general René Schneider) começaram anos antes a preparar o golpe. Mas não ficaram pelo 11 de Setembro de 1973, os assassinatos, as prisões políticas, as torturas, e estenderam-se no tempo e no espaço (disso é exemplo o assassinato do general Carlos Prats e da sua esposa no exílio em Buenos Aires).

O tratamento que é feito pela comunicação social do 11 de Setembro de 2001 é vergonhoso! O drama humano de todas as famílias de algum modo afectadas pelo ataque às torres gémeas, consequência directa da política dos EUA é usado para apagar da memória um dos mais feios crimes dos EUA contra um povo (o chileno) e para justificar acrescidas agressões a povos soberanos (sem esquecermos que o primeiro agredido, ainda que de forma bem diferente, é o povo dos Estados Unidos da América).

No 11 de Setembro, sem menosprezar o sofrimento vivido nos EUA em 2001, lembro Salvador Allende,  homem recto e de palavra, que cumpriu o mandato que o seu povo lhe deu até às últimas consequências e fico com o exemplo do que um Homem deve ser.

30.8.11

O tempo das cerejas 2


Para aqueles que como eu se habituaram a contar com a presença segura do Vítor Dias na blogosfera e se estavam a perguntar porque é que desde 23 de Agosto que não havia "posts" novos no "O tempo das cerejas" fica aqui a explicação.

Felizmente, na impossibilidade de recuperar o seu blog, o Vítor criou outro: "O tempo das cerejas 2" que é, como o anterior, "um blogue de esquerda em homenagem à Comuna de Paris".

Depois de ouvir notícias de que o blog original desaparecera constato que está agora disponível, assim tenho esperança de que ainda seja possível a sua recuperação pelo Vítor Dias.

De qualquer modo, podemos continuar a "visitar" o Vítor no blog novo:


Tão natural como a sua sede... a privatização, claro!



Hoje dou a todos uma dica de investimento seguro, no fabrico e comerciaçlização de algo que será indispensável em praticamente todos os lares do país num futuro muito próximo.
Não, não estou a falar da Televisão Digital Terrestre. Refiro-me a sistemas de recolha e armazenamento da água da chuva.

Hoje ficámos a saber (através de uma agência noticiosa estrangeira, como convém) que o governo pretende privatizar as Águas de Portugal até ao final de 2012. Demos um passo importante, passámos de privatizar empresas e bens dos sectores chave da economia para privatizar bens essenciais à vida.
No nosso país vamos privatizar a água, esse composto que permitiu que surgisse a vida no planeta.

Sugiro a todos que invistam nos tais sistemas de recolha e armazenamento da água da chuva, precisaremos todos em breve, é um investimento seguro, pelo menos a avaliar pelo comportamento dos preços dos combustíveis depois da privatização da GALP e da liberalização dos preços.

Há dias chamei bandalhos aos membros do Bloco de Esquerda por quererem referendar a privatização da água (e continuo a achar que o são) e até deixei cá uma "Pequena delícia da nossa Constituição" a propósito.
Privatizar a água é criminoso e sê-lo-ia mesmo que não estivesse na Constiuição (mas estão a ver porque é tão importante mudá-la, não estão?).
Privatizar um bem essencial à vida só pode ser qualificado como crime e todo e qualquer indivíduo que levante essa hipótese devia ir para a cadeia ver se conseguia sobreviver com a água que lhe desse a chuva no Verão; mas afinal, que somos governados por criminosos já não era novidade nenhuma, pois não?

6.8.11

Tristes efemérides

"A 6 de Agosto assinalam-se 66 anos de um dos maiores crimes que a história da humanidade conhece.
75 mil pessoas foram instantaneamente mortas devido ao rebentamento de uma primeiro bomba atómica. A cidade de Hiroshima foi arrasada; humanos, restantes animais e plantas ou foram mortos ou ficaram indelevelmente afectados.
A 9 do mesmo mês de 1945, idêntico crime foi praticado sobre outra cidade japonesa: Nagasaki.
Esses eventos funestos foram o culminar do holocausto da 2ª Grande Guerra Mundial.
E foi um acto completamente injustificável e mesmo desnecessário do ponto de vista militar: aquelas cidades não eram alvos militares, a Alemanha tinha-se rendido já, e o Japão, além de derrotado, já dera sinais de se vir a render.
Os EUA, ao utilizarem aquele armamento, quiseram afirmar o seu poder. Foi um aviso a quem pretendesse opor-se à sua hegemonia; uma chantagem e uma ameaça que perduraria sobre os povos.
A actual situação internacional caracteriza-se por guerras de agressão (Afeganistão, Iraque, Líbia) e por continuada manipulação e subversão do Direito Internacional. Algumas potências económicas e militares tornaram usual a hipocrisia, a ameaça, a mentira e o uso da força nas relações internacionais, para subjugar outras nações. Reflexo, também, da mais grave crise financeira e económica desde 1933.
A História não se repete, mas temos que reconhecer existirem preocupantes semelhanças com a situação económica e politica mundial do início dos anos 30.
A grave crise do capitalismo agrava o perigo de uma guerra, porventura geral, que em vista do armamento moderno existente, arrasaria o habitat e a espécie humana. O capitalismo tem encontrado nas guerras uma das saídas para as suas crises, foi assim em 1914, e de novo em 1939. Porém, uma guerra com os actuais armamentos poria em risco a existência da humanidade."

Comité Português para a Paz e a Cooperação

Pequenas delícias da nossa Constituição #13

"A organização económico-social assenta nos seguintes princípios:
(...)
d) Propriedade pública dos recursos naturais e de meios de produção, de acordo com o interesse colectivo;"


Constituição da República Portuguesa, Parte II - Organização Económica, Título I - Princípios Gerais, Artigo 80º - Princípios Fundamentais.


Esta alínea em particular do Artigo 80º da nossa Constituição vem a propósito da proposta do Bloco de Esquerda de referendar a privatização das Águas de Portugal.
É bastante interessante ver o BE a querer referendar a questão em vez de recusar a violação de um princípio constitucional, mas de quem quis referendar a despenalização da IVG em vez de a votar na AR eu já espero tudo...

Bandalhos!...

5.8.11

"Saudades do Futuro"

É uma expressão que me parece particularmente bem conseguida da canção dos Trovante.

Acho mesmo que pode ter mais que uma interpretação; tem a boa, muito boa, afinal o Futuro é o que está por contruir, é o que fizermos dele e pode sempre ser melhor do que foi o Passado. Se tivermos saudades do Passado quer dizer que já estivemos melhor do que estamos e que temos muito trabalho pela frente, mas o Futuro, o Futuro é sempre aquela possibilidade brilhante e seguramente muito mais bonita do que o Presente!

Mas, para ser muito franca, desde há uns tempos a esta parte que do que eu tenho saudades é de achar que o Futuro vai ser risonho, tenho saudades de não o ver coberto de negrume. Não o Futuro mais ou menos longínquo, esse eu sei que será bom, muito bom mesmo (afinal faço por isso), mas a curto e médio prazo o Futuro é negro. É negro de dívida, é negro de gestão danosa, é negro de crime político, social e simplesmente de colarinho branco.

O Futuro dos próximos anos não é Futuro que se preze, porque o Futuro é o tempo em que se realizam os sonhos e nos próximos anos não vejo muitos sonhos a realizarem-se, não vejo os sonhos de muitos a realizarem-se (de uma mão-cheia de energúmenos que partilham o mesmo sonho de enriquecimento desmedido sim). Não vejo o nosso povo a realizar sonhos nos próximos anos.

Os próximos anos são todos de Presente, um Presente de construção do Futuro, é certo, mas de Presente. Um Presente em que se vão adiando os sonhos (em alguns casos cancelando irremediavelmente). Os próximos anos serão anos de privações, de sacrifícios, de desemprego, de desrespeito por quem trabalha e pelo trabalho que faz. Serão anos de viver à míngua, de adiar casar, ter filhos ou sair de casa dos pais. Serão anos em que se deitam contas ao que se trabalhou e em que estas nunca batem certo (ou justo) com a pensão de reforma com que é suposto ter-se um final de vida digno. Os próximos anos já estão hipotecados, não são Futuro que se preze, não.

Enfim, não podemos esperar que seja só o Agostinho Neto a colocar pedras nos alicerces do Mundo, todos temos que merecer o nosso pedaço de pão. Sabemos, sem dúvida, que alguém, de alguma geração futura terá um Presente bem firme e seguro porque os alicerces que estamos a construir agora são grandes p'ra burro!

Como diz o Silvio, "Somos prehistoria que tendrá el futuro".

Ânimo!

Al final de este viaje
Silvio Rodríguez





"Al final de este viaje en la vida quedarán
nuestros cuerpos hinchados de ir
a la muerte, al odio, al borde del mar.

Al final de este viaje en la vida quedará
nuestro rastro invitando a vivir.
Por lo menos por eso es que estoy aquí.
Somos prehistoria que tendrá el futuro,
somos los anales remotos del hombre.
Estos años son el pasado del cielo;
estos años son cierta agilidad
con que el sol te dibuja en el porvenir,
son la verdad o el fin,
son Dios,
quedamos los que puedan sonreír
en medio de la muerte, en plena luz.

Al final de este viaje en la vida quedará
una cura de tiempo y amor,
una gasa que envuelva un viejo dolor.

Al final de este viaje en la vida quedarán
nuestros cuerpos tendidos al sol
como sábanas blancas después del amor.

Al final del viaje está el horizonte,
al final del viaje partiremos de nuevo,
al final del viaje comienza un camino,
otro buen camino que seguir descalzos
contando la arena.

Al final del viaje estamos tú y yo intactos,
quedamos los que puedan sonreír
en medio de la muerte, en plena luz."



25.7.11

Céus! #11




(Ana Martins, Avis, Portugal, Julho 2011)

14.7.11

Claro como água

O tempo de antena do PCP de 14 de Julho de 2011

4.6.11

Pequenas delícias da nossa Constituição #12

Amanhã, não nos esqueçamos que:

"O poder político pertence ao povo e é exercído nos termos da Constituição."

Constituição da República Portuguesa; 
Parte III, Organização do poder político; Título I, Princípios Gerais; Artigo 108º.

Dois dedos de testa

É tudo o que é preciso para não se precisar de um dia de reflexão, para não serem precisos nem 5 minutos!

1.6.11

Pequenas delícias da nossa Constituição #11

"1. As crianças têm direito à protecção da sociedade e do Estado, com vista ao seu desenvolvimento integral, especialmente contra todas as formas de abandono, de discriminação e de opressão e contra o exercício abusivo da autoridade na família e nas demais instituições.

2. O Estado assegura especial protecção às crianças órfãs, abandonadas ou por qualquer forma privadas de um ambiente familiar normal.

3. É proibido, nos termos da lei, o trabalho de menores em idade escolar."


No dia internacional da Criança cabe mostrar que a nossa Constituição é especialmente "deliciosa" e protectora para com os mais pequenos. 

No Dia Internacional da Criança

1 de Junho é o Dia Internacional da Criança.
Este dia deve ser usado para afirmar os direitos das Crianças e ser um dia de luta na sua efectivação. E como assegurar os direitos da miudagem em geral é meio caminho andado para muitas infâncias felizes acho que é bom lembrar também como é bonita uma infância feliz.
Acabei de ler há pouco tempo "Os Esteiros" do Soeiro Pereira Gomes. É um livro particularmente angustiante por demonstrar tão cruamente (e tão realisticamente) o quanto pode a sociedade capitalista estragar a infância de tanta gente e como toda essa gente merecia uma vida tão melhor, tão mais feliz. Este serve para percebermos como faz falta a luta, como ainda é necessária. Seja na necessidade de assegurar a alimentação básica das crianças, seja para assegurar que têm tempo de lazer e não 2 horas de viagem de autocarro da escola para casa.

O vídeo que vos deixo é para lembrar como pode ser bom e bonito ser Criança se nos deixarem ter uma infância feliz. É dos Pioneiros de Portugal, é a canção do seu 10º aniversário, a letra é do José Jorge Letria e a Música é do Carlos Alberto Moniz. Vem mostrar (com muita justiça) a ligação entre a nossa Revolução e o direito a uma infância feliz; porque "Abril é uma criança a sonhar, com estrelas no olhar".



Desfrutem.

29.5.11

Trabalhinho, muito trabalhinho para fazer

Não é que tenha andado longe daqui. Até cá tenho passado várias vezes, mas entre trabalho, campanha, luta (não que a nossa campanha não seja também ela luta) e associativismo, não me tem sobrado tempo para mais do que visitas de médico. Lá vou visitando os blogs amigos, lendo coisinhas interesantes, umas bonitas outras revoltantes; umas mais cínicas que puxam o cantinho do lábio naquele sorriso assimétrico meio torcido, outras mais directas e pedagógicas, mas quase sempre sem tempo para comentar.

Mas agora arranjei um bocadinho para escrever aqui para a Eira e posso enfim contar-vos que em Coimbr se pintaram as Escadas Monumentais (historicamente pintadas por diverssíssimas pessoas e organizações que as tentaram fazer mais nossas e menos salazarentas). Escadas que ficaram (e isto também será uma questão de gosto, mas enfim) claramente mais bonitas (até porque pintadas com brio além de tinta de água). Ficaram profundamente reivindicativas como poderão constatar aqui, porque não é só um apelo ao voto na CDU o que lá se pintou. É a denúncia, a exigência, enfim, a demonstração clara de que Portugal precisa urgentemente de uma política de esquerda, precisa de quem vote na CDU.



Posso contar que no círculo de Coimbra ninguém precisa de ter amargos de boca depois das eleições porque o Manuel Rocha, cabeça de lista da CDU não desilude, como se observa facilmente ao ouvir as suas intervenções políticas e poderá confirmar qualquer pessoa que o conheça.



Posso contar que, apesar das provocações de indivíduos mal-intencionados (e alguns diminuídos mentais também) filiados nas juventudes partidárias da triste e subserviente troika nacional o concerto e o comício de dia 24 de Maio correram bem.



Sobre isto, cabe sobretudo frisar o enorme civismo demonstrado pelos apoiantes da CDU presentes no comício, que perante provocações claramente com a intenção de levar a cenas de pancadaria por parte dos defensores do "bota-abaixo" da alta de Coimbra, mantiveram a calma e organizaram um cordão de segurança para evitar problemas maiores. Substituiram mesmo a polícia que chamada pela CDU não compareceu ao local de boicote de um acto de campanha eleitoral, na manutenção da ordem e da tranquilidade.







Mas isto é tudo coisas que já foram e importa o que está para vir. E o que está para vir é uma semana de campanha, de distribuições, de contactos, de conversas. Sobretudo de conversas, porque o papel é a desculpa para entabular a conversa. E sacudir as pessoas desse amodorramento, dessa depressão que se lhes colou à pele. Dessa pegajozice que prende o pensamento de tanta gente e a leva a pensar que as coisas não podem mudar, que "sempre foi assim" que "sempre houve ricos e pobres", "oh menina, e a gente lá pode fazer alguma coisa?! Eles é que mandam na gente!".
É preciso convencê-las "que somos um rio que vai dar onde quiser", "que somos um mar que nunca mais tem fronteiras e havemos de navegar de muitíssimas maneiras".

É preciso convencê-las a levar a luta até ao voto!


Agora CDU!

21.5.11

19 de Maio no Porto

Manifestação convocada pela CGTP-IN

Grande
















Organizada
















Reivindicativa
















Bem-disposta

Animada

Grande outra vez























Abrangente

De protesto

Com alternativas

Com a intervenção política

e uma assistência (mais ou menos) atenta

E a fechar o "post", a reivindicação mais óbvia e mais válida!

A luta continua!

Dia 5 de Junho também! Leva a luta até ao voto!

Agora CDU!
(mais fotografias disponíveis aqui)

18.5.11

Pequenas delícias da nossa Constituição #10


"1. A soberania, una e indivisível, reside no povo, que a exerce segundo as formas previstas na Constituição."

-Artigo 3º da Constituição da República Portuguesa: Soberania e legalidade

(surripiada daqui)




Vem esta pequena delícia da nossa Constituição a propósito da suposta "necessidade" de aprovação do próximo programa de governo por parte da Troika estrangeira. Assim como da aceitação plena e tranquila desta "necessidade" por parte da Troika nacional.


Assegurando a soberania exercendo-a,
Agora CDU!

14.5.11

Pequenas delícias da nossa Constituição #9


"A organização económico-social assenta nos seguintes princípios:
(...)

d) Propriedade pública dos recursos naturais e de meios de produção, de acordo com o interesse colectivo; 

(...)"

in Constituição da República Portuguesa; PARTE II: Organização económica; TÍTULO I: Princípios gerais; Artigo 80º Princípios fundamentais.

Vem esta pequena delícia a propósito dos recentes anúncios de intenções de privatização de sectores e recursos tão importantes como a água.

Dizia-nos Brecht:

"Nós vos pedimos com insistência:
Nunca digam  — Isso é natural!
Diante dos acontecimentos de cada dia.
Numa época em que reina a confusão,
Em que corre o sangue,
Em que o arbitrário tem a força de lei,
Em que a humanidade se desumaniza...
Não digam nunca: Isso é natural!
A fim de que nada passe por ser imutável.”


Tão pouco digam nem acreditem quando vos digam "é inevitável!"

A alternativa existe! Na defesa da Constituição de Abril, 

Agora... CDU!

5.5.11

Arregaçar as mangas

Ao ler no Público de ontem as principais medidas do acordo com a troika há uma sucessão ordenada de reacções.

Primeiro espanto-me (sim, eu sei, não devia, já devia estar à espera; mas espanto-me ainda que pouco, não consigo evitar), assimilo.

Depois vem uma mistura de uma grande dose de tristeza com a pontinha da faca do desespero a começar a espetar-se. E desespero porque nos vai custar tanto, a nós colectivo do povo português e a cada um de nós, enquanto pessoa individualizada e de características e história(s) irrepetíveis (por mais semelhantes que sejam). E entristeço-me porque sei que vamos demorar muito a recuperar desta estocada (aqui só nós, porque só o colectivo e em colectivo nos levantamos desta).

A seguir respiro fundo, penso que coisas piores já nos aconteceram (nós povo português, mais uma vez) e demos a volta, e construímos um país muito melhor do que alguns abutres agoiravam (e queriam) que pudéssemos conseguir. Penso também que o mais provável é que coisas piores estejam ainda para vir e que teremos que saber sobreviver-lhes.

E quase a terminar penso que isto vai dar é mesmo muito trabalho a resolver.

Por fim, organizo-me (é claro!), arregaçamos as mangas e lutamos!


E dia 5 sei bem em quem voto, é na CDU!

28.4.11

O 25 de Abril no Ateneu de Coimbra

Depois de preparações que começaram vários dias antes começámos na noite de Domingo a celebrar o 25 de Abril no Ateneu de Coimbra.
E foi uma festa linda!

Teve muita gente




Encontros fraternos


Participações musicais de estilos diversos e de todas as gerações

(O Centro de Dia 25 de Abril)

(Os Rebimbómalho)

(Os Rebimbómalho)

(Os que se juntam mesmo sem nome certo, mas que também fazem parte dos Diabo a Sete)

(O Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra)


(Os que se juntam mesmo sem nome certo mas com grandes nomes e talentos, mesmo com mobilidade reduzida)

Como não podia deixar de ser queimámos e fascismo ao som da Grândola


E continuámos a noite entre música e cantoria; comes e bebes; danças e cansaços; mas sempre na boa companhia e espírito de Abril que me contam (e eu acredito) que caracterizava o Ateneu mesmo antes de Abril o ser.

Foi uma grande festa!