27.3.11

Porque também pelos ouvidos entra a felicidade

Hoje trago-vos uma canção que o Luís Garção Nunes da Brigada Victor Jara teve a simpatia de pôr no Youtube. Mais que uma canção, esta é uma deliciosa junção de diversos pregões de Lisboa, envolvidos e harmonizados por música com a qualidade habitual da Brigada.

Trago cá esta em particular porque também os sons que não são bem música compõem a nossa cultura (transfronteiriçamente muitas vezes), nos dão identidade e sentimento de pertença e aquela vaga sensação de conforto quando os ouvimos como se, ao ouvi-los soubéssemos que tudo está no seu lugar.

Lembrei-me dela porque esta manhã acordei com essa vaga sensação de conforto enquanto um amolador descia a minha rua, tocando o seu tão característico apito, e de bicicleta pela mão, já que a rua tem um declive muito desencorajador. Desfrutem.




Pregões
Brigada Victor Jara

25.3.11

Pequenas delícias da nossa Constituição # 8


"Compete às associações sindicais exercer o direito de contratação colectiva, o qual é garantido nos termos da lei."


-Ponto 3 do Artigo 56º: Direitos das associações sindicais e contratação colectiva.

Esta pequena delícia vem na sequência da greve dos trabalhadores da Metro Lisboa pelo cumprimento efectivo do seu contrato colectivo de trabalho.

O que quisermos fazer dele!

"É essencial que Portugal confirme o plano desenhado e aprovado” pelas instâncias europeias
-Jean-Claude Trichet

"os partidos da oposição em Portugal não podem pensar que as condições de austeridade defendidas por Bruxelas vão ser alteradas"
-Nicolas Sarkozy

"Jean-Claude Juncker, deu eco à pressão europeia para Portugal pedir auxílio financeiro ao fundo de socorro do euro, dizendo que, no caso de haver, de facto, uma solicitação, o montante “apropriado” da ajuda rondaria 75 mil milhões de euros."

"Angela Merkel, que já de manhã dissera estar “grata” a Sócrates pelo trabalho de consolidação orçamental e lembrou, tal como Trichet, que as medidas tomadas pelo executivo português receberam o apoio da Comissão Europeia e do BCE."

"Os chefes de Estado e de Governo da UE brindaram José Sócrates com uma salva de palmas, uma tradição do Conselho Europeu para se despedir de um membro que poderá estar a ver pela última vez nas actuais funções." (e que tão bem os serviu (este àparte já é meu)).


Agora o que temos mesmo é que ensinar a estes meninos (e aos que por cá andam a achar que mandam também) é que Portugal é o que nós, povo português, decidirmos fazer dele, não o que eles mandarem.

Porque se Portugal é um país lindíssimo, de clima ameno, bonitas praias, boas florestas, excelente comida e de hospitaleiras e sossegadas gentes, é para quem vem por bem. Não é para quem vem sugar o fruto do nosso trabalho e passar férias jogando golf. Não é para ser quintal de ninguém!

Portugal não é um país pobre!

Tem uma enorme costa subaproveitada, potencial silvícola, pecuário e agrícola (desde que as barragens sirvam para a agricultura de regadio e não para os apregoados campos de golf). Tem uma enorme tradição e vasto conhecimento industrial, na metalurgia, no trabalho do vidro, nos tecidos e confecções, nos sapatos, na cutelaria, no papel, na cortiça, nos vinhos, nas conservas.

Tem boas Universidades públicas onde se faz investigação em parceria com os institutos mais conceituados, se desenvolve tecnologia de ponta e se forma profissionais qualificados (tão qualificados que são aproveitados pelas grandes potências económicas).

Mas sobretudo, tem um povo trabalhador, esmerado e brioso do resultado do seu trabalho (com as excepções que haverá sempre que considerar, claro) que trabalha afincadamente até em condições profundamente adversas.

Portugal tem todas as condições para se desenvolver, desde que nos livremos dos que há mais de 30 anos nos boicotam, desde que mudemos de políticas com a mudança de governo.

Meus caros, Portugal é o que quisermos fazer dele!

22.3.11

Imagens da Luta

Manifestação de 19 de Março, convocada pela CGTP-IN

(Desculpará o leitor que eu não tenha acesso a pontos elevados para tirar daquelas fotografias bonitas em que se nota que o mar de gente é a perder de vista, mas faz-se o que se pode).

Nas Amoreiras (concentração do sector público).


A descer a Avenida da Liberdade.

De Norte a Sul do país.


A justiça das reivindicações porque o Homem nasce para ser feliz.


Os cérebros que ainda não fugiram.


A boa disposição, porque como dizem os outros a Luta (também) é alegria.


Os tais "outros" que também lá estiveram.


As boas companhias porque também de bons encontros e conversa são feitas as manifestações e a Luta.


A Juventude porque a Luta continua!


De todos os sectores porque o ataque é generalizado.


A partir dos Restauradores e a olhar para cima

Ainda nos Restauradores e a olhar para cima.


Ainda nos Restauradores mas a olhar para Sul.

Como é visível, foi uma grande jornada de luta!
Por isso, pela Primavera a chegar e pelas boas companhias, foi também um grande e belo dia!

(Restantes fotografias aqui)

The happiness bringer

-Oh shoot! I forgot to bring dinner again!
-Now, now, darling. Not to worry, you know the only thing I expect you to bring home is happiness!

Os interesses do PCP

Ontem à noite ouvi alguém dizer que os interesses partidários estavam a ser postos à frente dos interesses do país e que  por isso é que estávamos em crise política.

Nessas alturas eu fico mesmo contente por fazer parte de um Partido cujos interesses, não são (como nunca foram) senão os do nosso país. Dá uma superioridade moral impressionante!


"Tomar partido é ter inteligência

é sabermos em alma e consciência

que o Partido que temos é melhor."


in Tomar Partido
-J.C. Ary dos Santos

17.3.11

Elogio da Dialéctica

A injustiça avança hoje a passo firme
Os tiranos fazem planos para dez mil anos
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são
Nenhuma voz além da dos que mandam
E em todos os mercados proclama a exploração;
isto é apenas o meu começo

Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem
Aquilo que nòs queremos nunca mais o alcançaremos

Quem ainda está vivo não diga: nunca
O que é seguro não é seguro
As coisas não continuarão a ser como são
Depois de falarem os dominantes
Falarão os dominados
Quem pois ousa dizer: nunca
De quem depende que a opressão prossiga? De nòs
De quem depende que ela acabe? Também de nòs
O que é esmagado que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha
E nunca será: ainda hoje
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã

-B.Brecht

Assim ou com mais cheiro a mofo?

"Foi um esforço tamanho da Nação. Foram anos de incorporações sucessivas, envolvendo cerca de um milhão de jovens de todas as regiões do País que, de forma exemplar, cumpriram a sua missão por terras africanas."

"Saudamos com especial apreço, pelo muito que lhes devemos, os militares de etnia africana que, de forma valorosa, lutaram ao nosso lado. Todos, combatentes por Portugal!"

"É, aliás, de toda a justiça distinguir a intervenção militar que permitiu que um País com a dimensão e os recursos de Portugal pudesse manter o controlo sobre três teatros de operações distintos, vastos e longínquos. É internacionalmente reconhecida a forma como foi concebida a estratégia da guerra e travados os combates, o que demonstra o esforço do País e dignifica a memória dos seus combatentes."


"A guerra em África materializou, como salientei em 2010, no Dia do Combatente, “o fim violento de um ciclo nacional, mas que deixou, nas picadas sangrentas que trilhou, honra militar capaz de abrir o caminho a uma cooperação fraterna e frutuosa” com aqueles países irmãos."


"A vossa geração criou, também, as condições para que Portugal seja um País democrático, mais livre, mais solidário e mais aberto ao Mundo. Importa que os jovens deste tempo se empenhem em missões e causas essenciais ao futuro do País com a mesma coragem, o mesmo desprendimento e a mesma determinação com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na guerra do Ultramar."


Aníbal Cavaco Silva
Discurso na Cerimónia de Homenagem aos Combatentes
15 de Março 2011

No discurso do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, do PPD-PSD de Sá Carneiro (gosto das coisas claras e bem explicadas)  na Cerimónia de Homenagem aos Combatentes, por ocasião do 50º aniversário da Guerra Colonial, são raros os parágrafos que não tenham alguma alusão racista ou fascista.

Ver também aqui, aqui e aqui.

15.3.11

Qualquer dia, qualquer dia

Eu hei-de ser uma daquelas pessoas que viveram esses tempos horríveis em que não se tinha um emprego estável, em que não se sabia se se teria trabalho no mês seguinte, ou na semana seguinte.

Saberei contar a história dos que passaram de ser dos quadros da função pública a estarem na mobilidade especial.

Serei desses tempos em que as pessoas se perguntavam quanto tempo mais demorariam a encontrar trabalho porque há vários meses que procuravam sem sucesso.

Serei desse tempo em que as pessoas sobreviviam de biscates taxados a 30 % do que recebiam.

Serei desse tempo em que um licenciado, um mestre ou mesmo um doutor poderia estar a desempenhar trabalho altamente qualificado durante anos a fio sem que isso fosse contabilizado para a idade de reforma ou contando como se recebesse o ordenado mínimo para o cálculo da pensão de reforma porque não tinha um emprego, tinha uma bolsa. Mas também serei do tempo em que o Estado desperdiçava o investimento (cada vez menor, é certo) feito na formação académica dos seus cidadãos empurrando licenciados e mestres para as caixas dos supermercados, o desemprego e a emigração.

Serei desses tempos difíceis de imaginar em que a educação se pagava e era só para alguns e a saúde também.

Serei desse tempo em que os idosos morriam de fome ou de doença porque se se medicavam não comiam e se comiam não se medicavam.

Serei daquela época negra em que havia milhares de pessoas a passar a noite em caixas de cartão dentro de multibancos.

Terei vivido aqueles anos estranhos em que as negociatas espoliavam o Estado do dinheiro dos contribuintes e se tapavam os buracos saqueando salários e pensões de reforma.

Farei parte dessa fatia da população que pode contar a história de quando os corruptos chegavam a lugares de poder e ficavam impunes mesmo quando havia provas contra eles apuradas pela polícia.

Serei uma dessas pessoas que contarão como era preciso deitar contas à vida e ver na bola de cristal o futuro antes de decidir ter um filho.

Terei netos que não entenderão como os bancos puderam algum dia ser privados.

Contarei o conto de como em tempos idos havia blocos político-militares que governavam além fronteiras.

Serei uma dessas pessoas que saberão contar como era quando a economia controlava a política e não ao contrário.

Serei alguém que poderá contar como o Povo se levantou e disse "BASTA!".

Um dia o Portugal em que vivemos fará parte do imaginário dos meus netos da mesma maneira que o fascismo faz parte do meu; e eles estranharão o velho de maus vinhos que no café dirá "No tempo do capitalismo é que era, a ver se não andavam todos em sentido, não era como agora, não!".

E esse dia já esteve bem mais longe.

As responsabilidaes dos partidos

José Sócrates diz que todos os Partidos têm que assumir as suas responsabilidades.

Que não se preocupe nada, estou certa que o PCP assumirá as responsabilidades que são suas.
Aquelas que sempre assumiu para com o nosso Povo.

13.3.11

Aos que ontem protestaram pela 1ª vez

Bem-vindos! Espero vê-los por cá muito mais vezes de agora em diante!

Para outro protesto apartidário, laico e pacífico,
temos encontro marcado para Sábado!



12.3.11

Da indignação ao protesto, do protesto à luta organizada

O protesto marcado através Facebook para 12 de Março gera-me sentimentos contraditórios.
Se por um lado entendo que é justa a indignação de tantos desempregados e trabalhadores precários e mal pagos com a situação actual, acho também que o conteúdo do "manifesto" que apresentam os "organizadores" é, no mínimo absurdo.
Numa enumeração de afectados que compõem a "geração à rasca" deixam de fora uma boa parte da massa de trabalhadores do nosso país, também com enormes motivos para protestar. Só o facto de lhe chamarem "geração à rasca" pressupõe uma separação, à partida, desta geração "jovem" das restantes gerações, em muitos (cada vez mais) casos em situação precária também.

Ao olhar para este dois parágrafos do "Manifesto"

"Nós, que até agora compactuámos com esta condição, estamos aqui, hoje, para dar o nosso contributo no sentido de desencadear uma mudança qualitativa do país. Estamos aqui, hoje, porque não podemos continuar a aceitar a situação precária para a qual fomos arrastados. Estamos aqui, hoje, porque nos esforçamos diariamente para merecer um futuro digno, com estabilidade e segurança em todas as áreas da nossa vida.

Protestamos para que todos os responsáveis pela nossa actual situação de incerteza - políticos, empregadores e nós mesmos – actuem em conjunto para uma alteração rápida desta realidade, que se tornou insustentável.
"

a primeira coisa que penso é um valente "fala por ti que eu cá não compactuei com nada, bem pelo contrário". Mas ultrapassando esse desagrado a possibilidade de que empregadores e trabalhadores "actuem em conjunto" é uma coisa perfeitamente sem cabimento. Nem sequer chega a ser uma utopia porque estamos a falar de duas classes sociais antagónicas com interesses irreconciliáveis!
Pôr a hipótese de que a Sonae ou o grupo Jerónimo Martins actuem em conjunto com os trabalhadores para acabar com a precariedade e os baixos salários é digo de um programa de comédia!

Diz-se sistematicamente que foi o Facebook que possibilitou/provocou toda esta publicidade, esta adesão das pessoas à iniciativa marcada para dia 12 de Março, que as redes sociais na internet são um acoisa incrível e que através delas até se podem convocar manifestações. Não tenhamos ilusões, se a adesão das pessoas vem da sua justa indignação e do seu natural desespero com a sua falta de perspectivas; a publicidade maior, que deu a este protesto dimensão verdadeiramente nacional e o fez sair dos zeros e uns a que estava limitado foi a intervenção da televisão e dos jornais.
Há bem mais de uma semana que não há telejornal que não tenha uma peça sobre o fenómeno da geração à rasca. Começa com os Deolinda, atirando para a ribalta a pior canção do grupo e continua neste movimento pseudo-espontâneo iniciado pela internet.

Eu não acredito na espontaneidade das movimentações sociais. Não acredito que sejam espontâneas e não creio que uma manifestação convocada por um pequeno grupo de pessoas, não organizadas para manterem o protesto para além de uma iniciativa tenha consequências reais. Não acredito que um protesto sem caderno reivindicativo leve a conquistas sociais.

Claramente não sou a única, porque todos sabemos que não é aos precários que serve o Público que tanto tem acarinhado este protesto. Os grandes senhores da nossa economia acreditam tanto nessa espontaneidade como eu, por isso lhe querem dar tanta visibilidade agora.
Mais! Os nossos governantes acreditam tanto na consequência deste protesto que ainda hoje anunciaram mais um PEC (de tão preocupados que estão).

Eu acredito que os trabalhadores precários merecem um vínculo laboral estável, um salário digno e um horário que lhes permita ter vida familiar. 
Eu acredito que é protestando, na rua que se conseguem conquistas sociais.
Eu acredito que é organizados que venceremos.

Sobretudo, eu acredito que na sua grande maioria as pessoas que irão amanhã engrossar o protesto dos "quinhenteuristas" são pessoas bem intencionadas, com diminutas perspectivas de vida e uma grande e muito justa indignação que lhes custa direccionar. Custa direccionar porque passam o tempo a ouvir dizer que "os partidos isto" (como se fossem todos iguais) e "os sindicatos aquilo" (mais um avez, como se fossem todos iguais), que são coisas que dão tanto jeito ao Capital, que sabe que somos muitos e que organizados somos fortes (mais do que o Capital).

É por achar que quem irá , irá a clamar por justiça que eu vou também, mas é por saber que dia 12 não basta que também estarei dia 19 na manifestação convocada pela CGPT e estarei em todas as outras!
Porque se não compactuei, não é agora que vou começar e desafio todos os que forem dia 12 a fazerem como eu e organizarem-se.

A Luta Continua!

11.3.11

Depois de ouvir o noticiário

Helena André vomita declarações sobre o subsídio de desemprego, Sócrates hipoteca o futuro dos portugueses e do nosso país e a União Europeia fica feliz com o esforço do governo do PS por assassinar a economia portuguesa.
De passagem as agências de rating fazem a avaliação que bem entendem , porque são empresas privadas com interesses económicos muito claros e contrários aos do nosso povo, os juros da emissão da dívida aumentam especulativamente e o FMI esfrega as mãos de contente.

PCP na Assembleia da República



Excelente intervenção do deputado do PCP  Bernardino Soares na AR.

Sobre a iniciativa de amanhã

Vale a pena ler "12 de março, a justa luta dos jovens, e a latente fascização de camadas populares" na Autoridade Nacional.

Mas cá voltaremos também na Eira porque, com todas as reservas justas e justificadas, é um fenómeno que merece muita da nossa atenção

No 11 de Março a


Nota da Comissão Política do Comité Central do PCP
Sobre a tentativa de golpe do 11 de Março

11 de Março de 1975


1. Uma vez mais, no dia 11 de Março de 1975, a reacção tentou um golpe, conseguindo desta vez lançar um ataque de forças armadas aéreas e terrestres contra uma grande unidade militar, o Regimento de Artilharia Ligeira n.º 1, além de outras acções militares de menor envergadura.
A tentativa de golpe falhou graças à pronta e decisiva acção do Movimento das Forças Armadas e à gigantesca mobilização popular que, em poucas horas, de norte a sul do País paralisou quaisquer iniciativas fascistas e deu poderoso apoio às Forças Armadas.
Trata-se de mais uma grande vitória do Povo português sobre aqueles que querem liquidar as liberdades e fazer regressar Portugal ao passado fascista. As grandes manifestações populares que hoje mesmo tiveram lugar por toda a parte testemunham a consciência que tem o Povo português de que, com esta nova derrota da reacção, se podem dar novos passos em frente para a construção de um Portugal democrático.

2. Não há ainda informações bastantes que permitam fazer uma ideia exacta do âmbito da conspiração e de todos os elementos conluiados. Uma coisa é certa: esta nova tentativa de golpe contra-revolucionário deve-se, em parte, à insuficiência do aparelho de segurança e à excessiva complacência com que, desde o 25 de Abril, têm sido tratados os conspiradores.
Tal complacência não pode, desta vez, repetir-se. O Povo português pretende construir a democracia, sem a incerteza e a intranquilidade que resultam da impunidade das actividades contra-revolucionárias.
É necessário que desta vez sejam apuradas responsabilidades e os conspiradores sejam severamente punidos.

3. Muitas lições haverá a tirar dos acontecimentos, tanto do dia de hoje como das últimas semanas. O PCP preveniu e insistiu em que a campanha anticomunista, o acréscimo da sabotagem económica, a vaga de calúnias, violências e provocações, os golpes de mão em escolas, sindicatos e autarquias, a agudização artificial de conflitos sociais, a tentativa de paralisar pela greve sectores importantes da vida económica, se inseriam num processo de deterioração da situação social e política, preparando terreno para um golpe reaccionário. Os factos aí estão para comprovar a razão da advertência.
O prosseguimento destes factores da deterioração da situação só podem diminuir gravemente a vitória sobre a reacção como podem criar no imediato novas dificuldades ao processo democrático.
O PCP condena firmemente certas violências e destruições anárquicas que, hoje, 11 de Março, praticadas à sombra da luta contra a reacção, só à reacção podem servir.
O PCP pronuncia-se firmemente pelo respeito da ordem democrática e pela adopção de firmes medidas contra aqueles que, desrespeitando-a, põem em perigo a própria democracia.

4. A contra-revolução tem encontrado terreno particularmente favorável para o próprio desenvolvimento em certas contradições, hesitações e debilidades na política do Governo e no funcionamento de departamentos aos quais cabe a sua aplicação.
Para a construção de um Portugal democrático é indispensável o apoio firme e dedicado do Povo português à situação democrática e o seu trabalho entusiástico e criador. Isto só pode ser alcançado desde que haja uma resposta aos grandes problemas que tocam as massas populares e que o Governo e a Administração, pela sua composição e capacidade operativa, estejam em condições de pôr em prática a sua própria política.
A derrota da reacção no 11 de Março, para que dela saia verdadeiramente reforçada a situação democrática, exige que se dê um decisivo impulso progressista à política portuguesa.
Os factos impõem, no imediato: 
1) a responsabilização e o castigo exemplar dos conspiradores da tentativa do golpe do 11 de Março; 
2) um mais profundo saneamento em todo o aparelho do Estado, civil e militar; 
3) a reorganização das forças militarizadas; 
4) um decisivo impulso à política antimonopolista e antilatifundista; 
5) medidas imediatas para contenção dos preços e para actualização de salários.
A reacção não se vence apenas com medidas de contenção, mas também com medidas económicas e sociais.

5. O dia 11 de Março evidenciou uma vez mais que o principal inimigo dos portugueses é a reacção.
Para o sucesso na luta contra a reacção e pela construção de um Portugal democrático, é indispensável o isolamento de actuações divisionistas e desagregadoras e o reforço da comunidade das forças populares em todos os sectores, da unidade dos trabalhadores, da unidade das forças democráticas, assim como o reforço da aliança do movimento popular com o Movimento das Forças Armadas.
Pelas lições que o 11 de Março comporta, o momento é particularmente favorável ao reforço dessa unidade e dessa aliança.
O PCP tudo fará para que este objectivo seja alcançado.

6. A tentativa de golpe do 11 de Março foi derrotada. Mas não é de crer que a conspiração abrangesse apenas os responsáveis já conhecidos. Alguma coisa falhou no plano, e isso significa que houve conjurados que, por qualquer razão, não entraram em acção.
A reacção tem ainda força e possibilidades. É necessário manter bem viva e actuante a vigilância popular, ao lado do Movimento das Forças Armadas, para impedir qualquer surpresa.

(o negrito é meu)

4.3.11

Science is unstoppable

‎- He is perfect I tell you! He has perfect body, perfect skin, perfect teeth and perfect voice! He's perfect, just perfect!
- Good grief! Settle down, woman! It's just a robot!