6.7.10

Céus! #5

Ana Martins, Castelo de S. Jorge, Lisboa, Portugal, Janeiro de 2010

Um amigo uma vez comentou que se a luz de Lisboa tivesse preço já alguém a teria comprado e é bem verdade!

Imbecilidades recorrentes

"As pessoas não querem trabalho, querem um emprego!"

Se calhar sou eu que sou esquisita, mas eu até acho normal que as pessoas queiram ver os seus direitos assegurados em troca do seu esforço de produção.

Eu acho normal que não queiram trabalhar feitos escravos.

Acho normal que queiram um salário digno e descontos para a segurança social. Aliás, eu acho que isso seria normal nos trabalhadores do Estado porque em troca de engordar quem está "gordo de comer a sua terra" até acho que é pedir pouco.


"Eles não querem trabalhar, querem é viver do rendimento mínimo e do subsídio de desemprego. Querem viver às nossas custas!"

Pois claro! Está-se mesmo a ver que há mais de 700 000 pessoas que não querem comprar uma casa, viver confortavelmente, nem fazer as compras do supermercado sem ter que contar os tostões.

Está-se mesmo a ver que há milhares de jovens no nosso país que não querem casar-se nem ter filhos.

E, sobretudo, está-se mesmo a ver que os beneficiários do subsídio de desemprego nunca descontaram para terem direito a esse subsídio e estão é a viver "às nossas custas"!

"Para quem quer trabalhar há sempre trabalho."

Pois há, sobretudo trabalho escravo, perdão, trabalho voluntário que explora a necessidade das pessoas de enriquecerem o curriculum na esperança de arranjarem emprego mais tarde. Assim dá-se resposta (e mal) às necessidades das organizações que antes contratavam pessoas para as funções que desempenham os "voluntários".

"Vê lá se querem trabalhar ao fim de semana, ou por turnos à noite, não querem! E depois queixam-se!"

Porque o único que tem direito a passar o fim de semana com a família é o imbecil chapado que diz isto refastelado na cadeira do café.
Agora as crianças já não precisam de ter os pais em casa para lhes darem o jantar, nem para lhes corrigirem os trabalhos de casa, nem para lhes lerem uma história antes de dormir.
Na verdade as crianças são auto-suficientes, eu nem sei porque investimos tanto em cuidados parentais, é um desperdício, deve ser alguma tendência vinda do nosso antepassado em comum com os outros símios de que a evolução ainda não nos desfez.

Eu juro que tento ter paciência, pensar que não são más pessoas, que só foram manipuladas mas há vezes em que me custa mesmo muito. Felizmente depois arranjo a terapêutica companhia dos que sacodem prontamente a areia que lhes atiram para os olhos e sei que "isto vai".

1.7.10

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Carlos Gardel