29.3.10

Vendedores ambulantes #4


Os ramos
(no Domingo de Ramos)



16.3.10

Estamos fartinhos de saber

Não vou dar novidade nenhuma a ninguém.

O doutor Freitas do Amaral é má pessoa!

O doutor Freitas do Amaral diz que só através de uma lei de revisão constitucional é que o diploma que permitirá o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo não poderá ser considerado inconstitucional.

Ora, a palavra "casamento" aparece 4 vezes no texto da Constituição da República Portuguesa (as vantagens da opção "Find" nos browsers) e trascrevo o texto dos 3 primeiros pontos do artigo 36º - Família, casamento e filiação de dito documento:

"1. Todos têm o direito de constituir família e de contrair casamento em condições de plena igualdade.

2. A lei regula os requisitos e os efeitos do casamento e da sua dissolução, por morte ou divórcio, independentemente da forma de celebração.

3. Os cônjuges têm iguais direitos e deveres quanto à capacidade civil e política e à manutenção e educação dos filhos."


Com este texto eu teria a dúvida se se a lei do casamento ainda em vigor seria constitucional, já que viola o 1º ponto além do princípio da igualdade consagrado nos direitos e deveres fundamentais no mesmo texto.

O doutor Freitas do Amaral conhece o texto da Constituição, aliás conhece-o muito melhor que eu. E não é burro nenhum.

Portanto se não é por ignorância nem por burrice que nos mente, é seguramente por ser má pessoa.


Mas isso não é novidade para ninguém...

15.3.10

Da simpatia das mesas

E em jeito de resposta ao comentário do cetautomatix aqui.
Sobre a simpatia do móvel, tenho que admitir que gosto bastante de mesas.
Gosto de mesas redondas, rectangulares (incluindo as quadrangulares) e irregulares até, com curvas e formas fluídas que se vêem em exposições de que percebo pouco ou nada, mas a que acho piada ainda assim.

Gosto das mesas baixinhas de café (tão prácticas para descansar os pés), das altas tipo balcão, das de jantar, das imponentes e grandalhonas que albergam muitos comensais.

Gosto das mesas apoiadas em cavaletes, mais ou menos periclitantes, que se costumam montar em exteriores com grandes toalhas que tapem as suas pernas magras e feias, mas que os miúdos pequenos acabam sempre por descobrir (e às vezes derrubar).

Gosto das mesas de pernas entalhadas das salas de jantar "da avó", para grandes reuniões familiares e que resistem estoicamente aos muitos anos de uso e aos poucos anos de idade daqueles que se lhes penduram, esticando o braço, para chegar à filhós que está lá tão longe no meio da mesa.

Gosto das mesas pequenas ao lado dos sofás, com um candeeiro para ajuda à leitura em horas de pouca luz, ou apenas sendo sítio para poisar o copo ou a chávena.

Gosto das mesas ajustáveis, a que se acrescentam tábuas quando afinal vem mais alguém para comer (tábuas dessas que se guardam no roupeiro do filho mais novo).

Gosto de mesas de pique-nique quando não chove, mesmo que a mesa seja só uma toalha no chão e o assento a erva fresquinha que nos pica as pernas.

Gosto de mesas de esplanada nas tardes de sol, para o café depois do almoço (com o copo de água da praxe) ou para o fino e o pires de tremoços da noitinha.

Gosto da mesa do bar da praia com o cheiro da maresia a misturar-se com o cheiro da molhanga dos caracóis acabados de chegar.

Gosto da mesa do café fumarento em dia de jogo de futebol, mesmo que fique com o cabelo a cheirar impossivelmente a tabaco.

Gosto das mesas de bilhar ainda que jogue mesmo muito mal.

Gosto das mesas coxas das cantinas da UC e das companhias que aí tive para comer e estudar (e do pudim molotov dos grelhados).

Gosto das mesas de cantoria qualquer que seja a forma que elas tenham. Mas admito que guardo um carinho especial para as mesas de jantar (as mesmas que do almoço, mas diferentes ainda assim) do restaurante de apoio da Festa do Avante onde era tão difícil jantar por "ter" que cantar.

Gosto das mesas de cimento do Jardim da Sereia onde os velhotes vão jogar às cartas e às damas, gosto das antigas mesas fixas dos jardins da AAC da minha adolescência.

Gosto das mesas da sala de estudo da AAC (as antigas, sem separações antisociais) e do ambiente de estudiosa solidariedade que me impedia de me distrair.

Gosto do estirador da sala que sempre teve espaço para os livros, os apontamentos das aulas, as cópias dos powerpoints e as folhas onde fazia as compilações de tudo isso. Gosto dessa sua versatilidade que faz com que seja também tão boa mesa de corte.

Gosto das mesas de trabalho e discussão quando a concórdia e a discórdia só dependem de visões diferentes e não de egoísmos nem interesses pessoais. Por isso gosto das mesas das salas de reuniões da Rua da Sofia.

Gosto da mesa do GEFAC com os pés a sairem continuamente.

Gosto das mesas onde fico à conversa depois de jantar (excepto essa que os meus pais tiveram que insistia em espetar-se-me nos joelhos).

Gosto da mesa aqui de casa que é de estudo, de trabalho, de costura, de trabalhos manuais e que, ao fim de semana se vinga das refeições solitárias com as reuniões de amigos para o almoço.

Gosto de mesinhas de cabeceira que mais que um despertador tenham um livro que seja tentação suficiente para resistir ao sono e ao cansaço, só para ler mais umas páginas cada noite.

Acima de tudo, gosto de mesas de convívio (com amigos antigos e recentes, novinhos em folha), de brincadeiras, risos, histórias e canções. E gosto mesmo muito de nunca ter ficado com fome à mesa.

Vendedores ambulantes #3


Os acessórios

Vendedores ambulantes #2


A roupa

Vendedores ambulantes #1


Os balões

14.3.10

Questionamento mediático

Pergunto-me porque será que a comunicação social não acompanha com pormenor o processo que vai da decisão da ementa ao consumo do meu almoço.
O tempo que invisto nas decisões, na preparação e no consumo é mais ou menos o mesmo que implica preparar um congresso do PPD-PSD e esse é acompanhado, registado e relatado até ao mais ínfimo detalhe...

Dirá o leitor "O teu almoço não tem as mesmas implicações na vida política nacional".

Mas eu digo "Se somos o que comemos, quem assegura que o que eu coma ou deixe de comer ao almoço não me leve a ser primeira ministra um dia destes?"

Sim, é verdade, não tinha nada melhor para dizer hoje e não me apeteceu ler as notícias sobre a guerra de poder dentro do PPD-PSD.

11.3.10

Sobre o 11 de Março

As palavras de três grandes homens, íntegros e corajosos.

"dia histórico em que o capitalismo se afundou com a nacionalização da banca privada"


- General Vasco Gonçalves
________________

"a derrota da reacção no 11 de Março, o comprometimento do grande capital na conspiração, o súbito avanço das forças revolucionárias, a luta enérgica dos trabalhadores, a acção dos militares do MFA, a aliança Povo-MFA, que permitiram dar início às nacionalizações que, num curto espaço de tempo, abrangeram os sectores básicos da economia nacional"
-Álvaro Cunhal,
in A Revolução Portuguesa – O Passado e o Futuro

________________

"Por isso o onze de Março
foi um baile de Tartufos
uma alternância de terços
entre ricaços e bufos."

...

"Fugiram como cobardes
e para terras de Espanha
os que faziam alardes
dos combates em campanha."

...

"E aqui ficaram de pé
capitães de pedra e cal
os homens que na Guiné
aprenderam Portugal."

...

"E em sua pátria fizeram
o que deviam fazer:
ao seu povo devolveram
o que o povo tinha a haver:
Bancos seguros petróleos
que ficarão a render
ao invés dos monopólios
para o trabalho crescer.
Guindastes portos navios
e outras coisas para erguer
antenas centrais e fios
dum país que vai nascer."

-J.C. Ary dos Santos
in As portas que Abril abriu

8.3.10

O Dia Internacional da Mulher


Há cem anos, em Copenhaga, instaurou-se o Dia Internacional da Mulher.
Não só num reconhecimento das injustiças de género, muito mais fortes e menos badaladas então do que agora, mas também em luta contra essas injustiças.

Mas não só essas. O Dia Internacional da Mulher assinala também a luta contra as injustiças de classe. Estas existem para toda a classe trabalhadora, só a intensidade muda com a mudança de género.

O 8 de Março, reconhecido como o Dia Internacional da Mulher pelas Nações Unidas desde 1975, é mais uma jornada de luta contra o capitalismo. Portanto é uma jornada de luta de todos, independentemente do género.
Porque é o capitalismo que faz e incentiva a discriminação de género.
É o capitalismo que tenta fazer crer às mulheres que os homens são os seus inimigos.
É o capitalismo que procura gerar estas cisões dentro da classe trabalhadora.
Mas é também o capitalismo que explora tanto mulheres como homens.

O 8 de Março é um dia de luta pela igualdade, portanto, é um dia de luta contra o capitalismo.

"Embora na sociedade capitalista o homem possa ser um instrumento de opressão da mulher,o inimigo não é o homem, mas sim o capitalismo"
- Álvaro Cunhal

6.3.10

89 anos de Partido Comunista Português



Pareceu-me que ninguém o descreve melhor que o Ary!

Estatutos do PCP aqui.

Resolução política do XVIII Congresso do PCP aqui.

2.3.10

Os medicamentos, os médicos e a Constituição

No Público online vem noticiado um estudo sobre o consumo de genéricos, realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).
Revela alguns dados interessantes, uns mais alentadores que outros.

No lado positivo está que a maioria das pessoas inquiridas sabe o que são genéricos, já foi medicada com genéricos e fê-lo por iniciativa do médico.

No lado negativo temos que 8,4% dos inquiridos dizem terem deixado de comprar os medicamentos que lhes são receitados por falta de dinheiro (note-se que sem especificar se são genéricos ou de marca).

Não sei se positivo ou negativo, mas a poupança na compra de genéricos em vez de medicamentos de marca anda entre 20 e 35%.

Curiosamente, nessa arte de desviar as atenções do importante para o assessório em que o jornalismo se tornou mestre, as culpas são estrategicamente atiradas para cima dos médicos que "não perguntam aos doentes se têm dinheiro para comprar medicamentos" como diz o título da notícia.

Não pretendo ser mais esclarecida que os esclarecidíssimos jornalistas do Público, mas pretendendo ser profundamente mais honesta que (pelo menos) o seu patrão.

É por isso que sinto a necessidade de explicitar aqui que esse esquerdo humano que é a saúde é também um direito constitucional (Artigo 64º).

A constituição da República Portuguesa assegura-nos a todos
"o direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover".

Entre outras coisas diz-nos que se realiza esse direito
"Através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito".

Que
"incumbe prioritariamente ao Estado garantir o acesso de todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica, aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitação" e "disciplinar e controlar a produção, a distribuição, a comercialização e o uso dos produtos químicos, biológicos e farmacêuticos e outros meios de tratamento e diagnóstico"

Tendo isto em mente pergunto eu:

Serão mesmo os médicos os responsáveis pela medicação dos pacientes?

Ou deveria ser o Estado a assegurar esse tratamento por exemplo através da distribuição gratuita dos medicamentos prescritos nas farmácias dos Hospitais e Centros de Saúde?