26.4.10

A Passos Coelho

acho que vale a pena dizer que

"Cravo Vermelho ao peito
A muitos fica bem..."


Obrigadinha ao J. Barata Moura

Hoje também ofereci um cravo


Pois é! Outro 25 de Abril no México.

Há 3 anos preenchi a minha ficha de inscrição no Ateneu de Coimbra, na noite de 24 para 25 de Abril.

Este ano telefonei para poder semi-estar lá por um bocadinho, mas a coisa estava atrasada e à meia-noite ainda não ardia boneco nem se cantava a Grândola. Então ligaram-me de lá, já se ouvia a Grândola e depois os gritos.

"25 de Abril mais, fascismo nunca sempre!"

ups! ao contrário

"25 d Abril sempre, fascismo nunca mais!"

Ia na rua, abrandei o passo, comovi-me, agradeci levar os óculos escuros postos e pronto, dali a nada tinha-se acabado o meu bocadinho de Portugal e de Ateneu de Coimbra no 25 de Abril.

Voltei às minhas mudanças, isto de estar quase a ir embora tem os seus quês e mudar de uma casa para um quarto dá mais trabalho do que parece.

Hoje também andei de volta dessas lides, mas já ofereci um cravo.

Fui comprá-lo ao mercado com a companhia do obsequiado.

-A como los claveles?
-20 pesos la docena!
-Oralé!... (escolher cravos) ... Se cobra, por favor?
-Aqui tiene, mamita!

Uns rissóis e umas mudanças mais tarde o post.

E agora, se me dão licença, vou oferecer mais uns cravos.

Viva o 25 de Abril!

22.4.10

A noite de 24 de Abril em Coimbra


é com o Ateneu!



Como sempre, assegurando que em Coimbra se comemora o 25 de Abril no seu aniversário e se afirma o ideal da Revolução no dia a dia.

O Ateneu de Coimbra assegura, há muito tempo, que quem afirma Abril o pode comemorar em Coimbra todos os anos. Muitas vezes (devido à natureza política dos executivos da CMCoimbra) organizou a única comemoração do aniversário da Revolução da cidade. Mas essa comemoração nunca chocou com outras programadas, pelo contrário, sempre se conjugou com outras existentes. Desta feita a festa é em coordenação com o SPRC.

É no centro cultural D.Dinis porque a casa velhinha do Ateneu se foi fazendo pequena para o número crescente de participantes na festa.

No 25 de Abril, como todos os dias no Ateneu, são bem-vindos todos os que vierem por bem!

21.4.10

Da falência nacional

A propósito do cenário apocalíptico de falência que economistas de renome internacional prevêem para Portugal:

Pode um País ir à falência?

Texto de Sérgio Ribeiro no Anónimo do séc.XXI, blog que visito assiduamente e recomendo vivamente.

A Justiça demora mas chega


O último ditador argentino, o general Reynaldo Bignone (82 anos), foi condenado a 25 anos de prisão por violação dos direitos humanos.
Este é um gostinho que já ninguém tira aos argentinos. Ao contrário do que acontece no Chile, os responsáveis estão a sentar-se no banco dos réus e não morrerão impunes.

Este senhor foi, além de Presidente entre 1982 e 1983, vice-chefe da base militar Campo de Mayo, o maior centro de tortura da Argentina, entre 1978 e 1979.Foi nessa altura que teve responsabilidade directa em 56 homicídios e no rapto de 500 bebés, cujas mães foram obrigadas a dar à luz em centros de detenção clandestinos.
Claro que quem diz centros de detenção diz de tortura, violação, assassinato e qualquer das combinações possiveis. E clandestinos, para ninguém saber do que lá se fazia ou a quem se fazia ou onde estavam aqueles a quem se fazia e desfazia (sobretudo desfazia). Para aumentar o drama dos desaparecidos, o sofrimento e o desespero das famílias. Na América Latina fez escola essa forma de tortura colectiva de todo o povo de um país.

Estima-se que no Campo de Mayo terá havido 30 mil mortos e desaparecidos.

Bignone diz que não, que só se provaram 8 mil desaparecidos e 30 crianças raptadas. Eu acredito mais na estimativa que em Bignone, mas mesmo que tenha razão, merece menos ser preso, merece menos o meu ódio e o meu asco por 8 mil desaparecidos que por 30 mil? Por 30 crianças de raptadas que por 500? Acho que não.

Demonstrando-se ainda mais revoltante, este ser ignóbil chega a dizer, como isto o desculpasse de alguma forma, que as vítimas “não eram nem tão jovens nem tão idealistas”. Será possível ser-se mais baixo?

Mas na história e nas declarações deste senhor há paralelos curiosos e tão feios que são quase obscenos. Bignone "justifica-se" dizendo que as Forças Armadas argentinas "tiveram que intervir para derrotar o terrorismo". É só a mim que isto soa familiar?

Também me soam familiares e recentes histórias de centros de detenção cladestinos e são especialidade dos mesmos que aplicam o discurso do terrorismo. Curiosamente também são os mesmos que treinaram as forças especiais de todas as ditaduras da América Latina.

Sim, O Estados Unidos da América, com mais ou menos melanina.

Um ano de Eira

Há um ano escrevi o primeiro "post" da Eira de Milho, achando que ia publicar textos muito intermitentemente.
Afinal acabei por ter desabafos, insurgências, irritações, aplausos, deslumbramentos e, às vezes, simplesmente lembranças mais amiúde do que pensava.
Sem dúvida tenho mais leitores/comentadores e mais assíduos do que alguma vez pensei ter.

Como faz hoje um ano que "nasceu" esta Eira de Milho e em jeito de agradecimento pela companhia blogger, ponho cá a Desfolhada, como a cantou a Simone no Festival da Eurovisão em 1969.



Letra de José Carlos Ary dos Santos.
Música de Nuno Nazareth Fernandes com orquestração do maestro Joaquim Luís Gomes.
Direcção de orquestra por Ferrer Trindade.

20.4.10

The Grapes of Wrath

Tenho este livro de John Steinbeck há uma data de anos, mas as disponibilidades psicológica e de tempo, e, às vezes, a urgência de ler outras coisas, não me têm deixado lê-lo. Leio-o às pinguinhas e ontem li o capítulo 14. É tão bom e pequenino que decidi reproduzi-lo integralmente aqui. (Em inglês, desculpem-me aqueles a quem isso causar dificuldades...).




"The western land, nervous under the beginning change. The Western States, nervous as horses before a thunder storm. The great owners, nervous, sensing a change, knowing nothing of the nature of the change. The great owners, striking at the immediate thing, the widening government, the growing labor unity; striking at new taxes, at plans; not knowing these things are results, not causes. Results, not causes; results, not causes. The causes lie deep and simply the causes are a hunger in a stomach, multiplied a million times; a hunger in a single soul, hunger for joy and some security, multiplied a million times; muscles and mind aching to grow, to work, to create, multiplied a million times. The last clear definite function of man muscles aching to work, minds aching to create beyond the single need this is man. To build a wall, to build a house, a dam, and in the wall and house and dam to put something of Manself, and to Manself take back something of the wall, the house, the dam; to take hard muscles from the lifting, to take the clear lines and form from conceiving. For man, unlike any other thing organic or inorganic in the universe, grows beyond his work, walks up the stairs of his concepts, emerges ahead of his accomplishments. This you may say of man when theories change and crash, when schools, philosophies, when narrow dark alleys of thought, national, religious, economic, grow and disintegrate, man reaches, stumbles forward, painfully, mistakenly sometimes. Having stepped forward, he may slip back, but only half a step, never the full step back. This you may say and know it and know it. This you may know when the bombs plummet out of the black planes on the market place, when prisoners are stuck like pigs, when the crushed bodies drain filthily in the dust. You may know it in this way. If the step were not being taken, if the stumbling-forward ache were not alive, the bombs would not fall, the throats would not be cut. Fear the time when the bombs stop falling while the bombers live for every bomb is proof that the spirit has not died. And fear the time when the strikes stop while the great owners live for every little beaten strike is proof that the step is being taken. And this you can know fear the time when Manself will not suffer and die for a concept, for this one quality is the foundation of Manself, and this one quality is man, distinctive in the universe.


The Western States nervous under the beginning change. Texas and Oklahoma, Kansas and Arkansas, New Mexico, Arizona, California. A single family moved from the land. Pa borrowed money from the bank, and now the bank wants the land. The land company that's the bank when it has land wants tractors, not families on the land. Is a tractor bad? Is the power that turns the long furrows wrong? If this tractor were ours it would be good not mine, but ours. If our tractor turned the long furrows of our land, it would be good. Not my land, but ours. We could love that tractor then as we have loved this land when it was ours. But this tractor does two things it turns the land and turns us off the land. There is little difference between this tractor and a tank. The people are driven, intimidated, hurt by both. We must think about this.


One man, one family driven from the land; this rusty car creaking along the highway to the west. I lost my land, a single tractor took my land. I am alone and I am bewildered. And in the night one family camps in a ditch and another family pulls in and the tents come out. The two men squat on their hams and the women and children listen. Here is the node, you who hate change and fear revolution. Keep these two squatting men apart; make them hate, fear, suspect each other. Here is the anlage of the thing you fear. This is the zygote. For here "I lost my land" is changed; a cell is split and from its splitting grows the thing you hate "We lost our land." The danger is here, for two men are not as lonely and perplexed as one. And from this first u we" there grows a still more dangerous thing: "I have a little food" plus "I have none." If from this problem the sum is "We have a little food," the thing is on its way, the movement has direction. Only a little multiplication now, and this land, this tractor are ours. The two men squatting in a ditch, the little fire, the sidemeat stewing in a single pot, the silent, stone-eyed women; behind, the children listening with their souls to words their minds do not understand. The night draws down. The baby has a cold. Here, take this blanket. It's wool. It was my mother's blanket take it for the baby. This is the thing to bomb. This is the beginning from "I" to "we."


If you who own the things people must have could understand this, you might preserve yourself. If you could separate causes from results, if you could know that Paine, Marx, Jefferson, Lenin, were results, not causes, you might survive. But that you cannot know. For the quality of owning freezes you forever into "I," and cuts you off forever from the "we."


The Western States are nervous under the beginning change. Need is the stimulus to concept, concept to action. A half-million people moving over the country; a million more restive, ready to move; ten million more feeling the first nervousness.


And tractors turning the multiple furrows in the vacant land."

16.4.10

Sociedades secretas...


Não desfazendo do Salvador Allende, figura por quem nutro um profundo respeito e grande carinho, nem dos nossos regicidas de 1908, tenho que admitir que a reunião internacional da Maçonaria en Lisboa me dá um certo receio...

Não consigo perceber a existência de sociedades secretas bem intencionadas num ambiente de liberdade de associação. Não me agrada mesmo nada... (Por muito que tenha gostado, em miúda, de ler o Clube das Chaves).

Boa notícia

Porque há coisas que não podem nem devem ser esquecidas, esta, é uma boa notícia:


Cinco detidos por crimes contra a Humanidade na Argentina
A justiça argentina ordenou a prisão de mais cinco suspeitos de crimes contra a humanidade durante a ditadura militar de 1976 a 1983.




As atrocidades cometidas pelas ditaduras militares na América Latina, assim como na Europa ou qualquer outro sítio do globo, não são algo que se apague ou "esqueça" por decreto. Os povos têm o direito e o dever de ter memória e não há vantagem económica que possa mudar isso.

14.4.10

No 14 de Abril

relembrando a II República Espanhola
e com os olhos postos na III.

Quién me ha robado el mes de abril

Joaquín Sabina


13.4.10

Soy un caso perdido

Há tempos comprei o livro "Inventario I" do poeta uruguaio Mario Benedetti. É uma compilação dos poemas que escreveu entre 1950 e 1985.
De vez em quando leio mais um ou dois poemas, como quem come mais um bombom da caixa qeu abriu para ir disfrutando. Hoje comi um bombom particularmente delicioso. Delicioso e ideologicamente justo como era hábito de Benedetti. Tanto que o partilho aqui:

Soy un caso perdido

Por fin un crítico sagaz reveló
(ya sabía yo que iban a descubrirlo)
que en mis cuentos soy parcial
y tangencialmente me exhorta
a que asuma la neutralidad
como cualquier intelectual que se respete

creo que tiene razón
soy parcial
de esto no cabe duda
más aún yo diría que un parcial irrescatable
caso perdido en fin
ya que por más esfuerzos que haga
nunca podré llegar a ser neutral

en varios países de este continente
especialistas destacados
han hecho lo posible y lo imposible
por curarme de la parcialidad
por ejemplo en la biblioteca nacional de mi país
ordenaron el expurgo parcial
de mis libros parciales
en argentina me dieron cuartenta y ocho horas
(y si no me mataban) para que me fuera
con mi parcialidad a cuestas
por último en perú incomunicaron mi parcialidad
y a mi me deportaron

de haber sido neutral
no habria necesitado
esas terapias intensivas
pero qué voy a hacerle
soy parcial
incurablemente parcial
y aunque pueda sonar un poco extraño
totalmente
parcial

ya sé
eso significa que no podré aspirar
a tantísimos honores y reputaciones
y preces y dignidades
que el mundo reserva para los intelectuales
que se respeten
es decir para los neutrales
con un agravante
como cada vez hay menos neutrales
las distinciones se reparten
entre poquísimos

después de todo y a partir
de mis confesadas limitaciones
debo reconocer que a esos pocos neutrales
les tengo cierta admiración
o mejor les reservo cierto asombro
ya que en realidad se precisa un temple de acero
para mantenerse neutral ante episodios como
girón
tlatelolco
trelew
pando
la moneda

es claro que uno
y quizá sea esto lo que quería decirme el crítico
podría ser parcial en la vida privada
y neutral en las bellas letras
digamos indignarse contra pinochet
durante el insomnio
y escribir cuentos diurnos
sobre la atlántida

no es mala idea
y claro
tiene la ventaja
de que por un lado
uno tiene conflictos de conciencia
y eso siempre representa
un buen nutrimeto para el arte
y por otro no deja flancos para que lo vapulee
la prensa burguesa y/o neutral

no es mala idea
pero
ya me veo descubriendo o imaginando
en el continente sumergido
la existencia de oprimidos y opresores
parciales y neutrales
torturados y verdugos
o sea la misma pelotera
cuba sí yanquis no
de los continentes no sumergidos

de manera que
como parece que no tengo remedio
y estoy definitivamente perdido
para la fructuosa neutralidad
lo más probable es que siga escribiendo
cuentos no neutrales
y poemas y ensayos y canciones y novelas
no neutrales
pero advierto que será así
aunque no traten de torturas y cárceles
u otros tópicos que al parecer
resultan insoportables a los neutros

será así aunque traten de mariposas y nubes
y duendes y pescaditos

-Mario Benedetti
- in Cotidianas 1979

12.4.10

Os candidatos e a Constituição

Pinto Balsemão acha que Passos Coelho é "um bom candidato a primeiro ministro".

Escusado seria dizer que acho que Passos Coelho daria um péssimo primeiro ministro, assim como o PPD-PSD sempre deu origem a péssimos governos. Mas esta expressão de Pinto Balsemão...

Esta expressão irrita-me particularmente. Por ser errónea, mentirosa, deliberadamente enganadora. Em Portugal ninguém é candidato a primeiro ministro como se pode observar no artigo , do capítulo II do título IV da Constituição da República Portugesa:

Artigo 187.º
Formação


1. O Primeiro-Ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais.


A cada eleição legislativa são incontáveis os portugueses que acham que estão a votar num candidato a 1º ministro, que não conhecem as listas de candidatos do seu círculo eleitoral, que não sabem em quem estão a votar, precisamente por causa de afirmações como esta de Pinto Balsemão.

No entanto, cabe fazer a ressalva de que, talvez, Passos Coelho queira, de facto ser candidato a 1º ministro. Assim ficava explicada a sua sanha de mudar a Constituição.

O Presidente da República mente!

Na inauguração da Avenida Marechal António de Spínola, o Presidente da República Portuguesa afirmava sobre Spínola que:

"Todos lhe reconhecem a inteireza de carácter, o seu imenso amor à pátria, o seu arreigado sentido do dever, o espírito de leal camaradagem e o empenho que sempre colocou na defesa dos seus homens".

Ora eu não lhe reconheço nenhuma inteireza de carácter, aliás, a única coisa que lhe reconheço a nível de carácter é a enorme falta que nos fez ele ter um bocadinho disso.

Tampouco reconheço em Spínola um grande (pequeno também não) patriota, nenhum fascista é patriota segundo a minha definição de patriotismo.

Sentido de dever e espírito de leal camaradagem só se for para com o ditador Francisco Franco para quem recrutou homens durante a guerra civil espanhola.

Empenho na defesa dos seus homens, como bom oportunista, enquanto estes o servissem bem.

Agora numa coisa Cavaco Silva tem razão:

"Portugal concedeu-lhe as mais altas distinções, mas não estou certo de que tenhamos sempre estado à altura do exemplo de vida que nos legou".

Se tivessemos aprendido alguma coisa com ter tido na nossa História um escroque como o Spínola teríamos julgado e encarcerado semelhante criminoso em vez de o condecorar e de lhe fazermos avenidas...

Este "post" vai longo, mas ficará ainda maior.

Segundo Cavaco Silva, Spínola, "lutou por um Portugal verdadeiramente democrático e pela construção de um Estado de Direito assente no respeito pela dignidade da pessoa humana".
Eu sei que não devia chocar-me com isto, afinal é o Cavaco Silva e todos sabemos o que a casa gasta, mas...
Como é que alguém em seu perfeito juízo é capaz de fazer esta afirmação sobre um homem que queria manter as colónias?

Sobre um homem que orquestrou os golpes contra-revolucionários, que era um rato oportunista que aproveitou a sua alta patente militar para se infiltrar e minar a aplicação do programa do MFA e a aliança Povo-MFA.

Sobre um homem cuja acção a partir do 25 de Abril sempre foi no sentido de impedir ou destruir as suas conquistas.

Mas a localização da nova avenida tem lógica: o prolongamento da Avenida dos Estados Unidos da América. Nessa linha de pensamento a nova avenida também podia levar o nome do Doutor Mário Soares (seria igualmente nojento e lógico).

Ainda bem que terá uma estátua. Já tenho onde vomitar a próxima vez que for a Lisboa...


"Porém em quintas vivendas
palácios e palacetes
os generais com prebendas
caciques e cacetetes
os que montavam cavalos
para caçarem veados
os que davam dois estalos
na cara dos empregados
os que tinham bons amigos
no consórcio dos sabões
e coçavam os umbigos
como quem coça os galões
os generais subalternos
que aceitavam os patrões
os generais inimigos
os generais garanhões
teciam teias de aranha
e eram mais camaleões
que a lombriga que se amanha
com os próprios cagalhões.
Com generais desta apanha
já não há revoluções."

-As portas que Abril Abriu
José Carlos Ary dos Santos

6.4.10

Para ver

até ao fim de Maio, a exposição

"... Cada fio de vontade são dois braços... e cada braço uma alavanca...: Jornais manuscritos na prisão (1934-1945)"

no Arquivo Nacional da Torre do Tombo.

É uma exposição composta de exemplares de jornais comunistas manuscritos nas prisões do Aljube, Penitenciária de Lisboa, Peniche, Angra do Heroísmo e Tarrafal.

É, como referiu Jerónimo de Sousa "um acontecimento cultural relevante e uma inegável contribuição para um melhor e maior conhecimento dessa negra e trágica realidade que foi a ditadura fascista em Portugal, realidade cada vez mais branqueada e mesmo remetida ao esquecimento" (notícia na página do PCP aqui) .

Anúncio sobre a exposição na página do Ministério da Cultura e com ligação para o arquivo aqui.

Breve mostra de exemplares comentados no Público aqui.

Estes exemplares mostram um cuidado com a transparência, com o observar de regras, com a necessidade de formação política e ideológica e com a actualização sobre a situação política exterior incrível. Mas não só. São também espelho de preocupação estética, de perfeccionismo e excelência gráfica admiráveis (sobretudo tendo em conta que eram manuscritos e clandestinos).

Enfim, são prova inequívoca do brio que os comunistas põem no seu trabalho.