30.8.11
O tempo das cerejas 2
Para aqueles que como eu se habituaram a contar com a presença segura do Vítor Dias na blogosfera e se estavam a perguntar porque é que desde 23 de Agosto que não havia "posts" novos no "O tempo das cerejas" fica aqui a explicação.
Felizmente, na impossibilidade de recuperar o seu blog, o Vítor criou outro: "O tempo das cerejas 2" que é, como o anterior, "um blogue de esquerda em homenagem à Comuna de Paris".
Depois de ouvir notícias de que o blog original desaparecera constato que está agora disponível, assim tenho esperança de que ainda seja possível a sua recuperação pelo Vítor Dias.
De qualquer modo, podemos continuar a "visitar" o Vítor no blog novo:
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Tão natural como a sua sede... a privatização, claro!
Hoje dou a todos uma dica de investimento seguro, no fabrico e comerciaçlização de algo que será indispensável em praticamente todos os lares do país num futuro muito próximo.
Não, não estou a falar da Televisão Digital Terrestre. Refiro-me a sistemas de recolha e armazenamento da água da chuva.
Hoje ficámos a saber (através de uma agência noticiosa estrangeira, como convém) que o governo pretende privatizar as Águas de Portugal até ao final de 2012. Demos um passo importante, passámos de privatizar empresas e bens dos sectores chave da economia para privatizar bens essenciais à vida.
No nosso país vamos privatizar a água, esse composto que permitiu que surgisse a vida no planeta.
Sugiro a todos que invistam nos tais sistemas de recolha e armazenamento da água da chuva, precisaremos todos em breve, é um investimento seguro, pelo menos a avaliar pelo comportamento dos preços dos combustíveis depois da privatização da GALP e da liberalização dos preços.
Há dias chamei bandalhos aos membros do Bloco de Esquerda por quererem referendar a privatização da água (e continuo a achar que o são) e até deixei cá uma "Pequena delícia da nossa Constituição" a propósito.
Privatizar a água é criminoso e sê-lo-ia mesmo que não estivesse na Constiuição (mas estão a ver porque é tão importante mudá-la, não estão?).
Privatizar um bem essencial à vida só pode ser qualificado como crime e todo e qualquer indivíduo que levante essa hipótese devia ir para a cadeia ver se conseguia sobreviver com a água que lhe desse a chuva no Verão; mas afinal, que somos governados por criminosos já não era novidade nenhuma, pois não?
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6.8.11
Tristes efemérides
"A 6 de Agosto assinalam-se 66 anos de um dos maiores crimes que a história da humanidade conhece.
75 mil pessoas foram instantaneamente mortas devido ao rebentamento de uma primeiro bomba atómica. A cidade de Hiroshima foi arrasada; humanos, restantes animais e plantas ou foram mortos ou ficaram indelevelmente afectados.
A 9 do mesmo mês de 1945, idêntico crime foi praticado sobre outra cidade japonesa: Nagasaki.
Esses eventos funestos foram o culminar do holocausto da 2ª Grande Guerra Mundial.
E foi um acto completamente injustificável e mesmo desnecessário do ponto de vista militar: aquelas cidades não eram alvos militares, a Alemanha tinha-se rendido já, e o Japão, além de derrotado, já dera sinais de se vir a render.
Os EUA, ao utilizarem aquele armamento, quiseram afirmar o seu poder. Foi um aviso a quem pretendesse opor-se à sua hegemonia; uma chantagem e uma ameaça que perduraria sobre os povos.
A actual situação internacional caracteriza-se por guerras de agressão (Afeganistão, Iraque, Líbia) e por continuada manipulação e subversão do Direito Internacional. Algumas potências económicas e militares tornaram usual a hipocrisia, a ameaça, a mentira e o uso da força nas relações internacionais, para subjugar outras nações. Reflexo, também, da mais grave crise financeira e económica desde 1933.
A História não se repete, mas temos que reconhecer existirem preocupantes semelhanças com a situação económica e politica mundial do início dos anos 30.
A grave crise do capitalismo agrava o perigo de uma guerra, porventura geral, que em vista do armamento moderno existente, arrasaria o habitat e a espécie humana. O capitalismo tem encontrado nas guerras uma das saídas para as suas crises, foi assim em 1914, e de novo em 1939. Porém, uma guerra com os actuais armamentos poria em risco a existência da humanidade."
Comité Português para a Paz e a Cooperação
75 mil pessoas foram instantaneamente mortas devido ao rebentamento de uma primeiro bomba atómica. A cidade de Hiroshima foi arrasada; humanos, restantes animais e plantas ou foram mortos ou ficaram indelevelmente afectados.
A 9 do mesmo mês de 1945, idêntico crime foi praticado sobre outra cidade japonesa: Nagasaki.
Esses eventos funestos foram o culminar do holocausto da 2ª Grande Guerra Mundial.
E foi um acto completamente injustificável e mesmo desnecessário do ponto de vista militar: aquelas cidades não eram alvos militares, a Alemanha tinha-se rendido já, e o Japão, além de derrotado, já dera sinais de se vir a render.
Os EUA, ao utilizarem aquele armamento, quiseram afirmar o seu poder. Foi um aviso a quem pretendesse opor-se à sua hegemonia; uma chantagem e uma ameaça que perduraria sobre os povos.
A actual situação internacional caracteriza-se por guerras de agressão (Afeganistão, Iraque, Líbia) e por continuada manipulação e subversão do Direito Internacional. Algumas potências económicas e militares tornaram usual a hipocrisia, a ameaça, a mentira e o uso da força nas relações internacionais, para subjugar outras nações. Reflexo, também, da mais grave crise financeira e económica desde 1933.
A História não se repete, mas temos que reconhecer existirem preocupantes semelhanças com a situação económica e politica mundial do início dos anos 30.
A grave crise do capitalismo agrava o perigo de uma guerra, porventura geral, que em vista do armamento moderno existente, arrasaria o habitat e a espécie humana. O capitalismo tem encontrado nas guerras uma das saídas para as suas crises, foi assim em 1914, e de novo em 1939. Porém, uma guerra com os actuais armamentos poria em risco a existência da humanidade."
Comité Português para a Paz e a Cooperação
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Pequenas delícias da nossa Constituição #13
"A organização económico-social assenta nos seguintes princípios:
(...)
d) Propriedade pública dos recursos naturais e de meios de produção, de acordo com o interesse colectivo;"
Constituição da República Portuguesa, Parte II - Organização Económica, Título I - Princípios Gerais, Artigo 80º - Princípios Fundamentais.
Esta alínea em particular do Artigo 80º da nossa Constituição vem a propósito da proposta do Bloco de Esquerda de referendar a privatização das Águas de Portugal.
É bastante interessante ver o BE a querer referendar a questão em vez de recusar a violação de um princípio constitucional, mas de quem quis referendar a despenalização da IVG em vez de a votar na AR eu já espero tudo...
Bandalhos!...
(...)
d) Propriedade pública dos recursos naturais e de meios de produção, de acordo com o interesse colectivo;"
Constituição da República Portuguesa, Parte II - Organização Económica, Título I - Princípios Gerais, Artigo 80º - Princípios Fundamentais.
Esta alínea em particular do Artigo 80º da nossa Constituição vem a propósito da proposta do Bloco de Esquerda de referendar a privatização das Águas de Portugal.
É bastante interessante ver o BE a querer referendar a questão em vez de recusar a violação de um princípio constitucional, mas de quem quis referendar a despenalização da IVG em vez de a votar na AR eu já espero tudo...
Bandalhos!...
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5.8.11
"Saudades do Futuro"
É uma expressão que me parece particularmente bem conseguida da canção dos Trovante.
Acho mesmo que pode ter mais que uma interpretação; tem a boa, muito boa, afinal o Futuro é o que está por contruir, é o que fizermos dele e pode sempre ser melhor do que foi o Passado. Se tivermos saudades do Passado quer dizer que já estivemos melhor do que estamos e que temos muito trabalho pela frente, mas o Futuro, o Futuro é sempre aquela possibilidade brilhante e seguramente muito mais bonita do que o Presente!
Mas, para ser muito franca, desde há uns tempos a esta parte que do que eu tenho saudades é de achar que o Futuro vai ser risonho, tenho saudades de não o ver coberto de negrume. Não o Futuro mais ou menos longínquo, esse eu sei que será bom, muito bom mesmo (afinal faço por isso), mas a curto e médio prazo o Futuro é negro. É negro de dívida, é negro de gestão danosa, é negro de crime político, social e simplesmente de colarinho branco.
O Futuro dos próximos anos não é Futuro que se preze, porque o Futuro é o tempo em que se realizam os sonhos e nos próximos anos não vejo muitos sonhos a realizarem-se, não vejo os sonhos de muitos a realizarem-se (de uma mão-cheia de energúmenos que partilham o mesmo sonho de enriquecimento desmedido sim). Não vejo o nosso povo a realizar sonhos nos próximos anos.
Os próximos anos são todos de Presente, um Presente de construção do Futuro, é certo, mas de Presente. Um Presente em que se vão adiando os sonhos (em alguns casos cancelando irremediavelmente). Os próximos anos serão anos de privações, de sacrifícios, de desemprego, de desrespeito por quem trabalha e pelo trabalho que faz. Serão anos de viver à míngua, de adiar casar, ter filhos ou sair de casa dos pais. Serão anos em que se deitam contas ao que se trabalhou e em que estas nunca batem certo (ou justo) com a pensão de reforma com que é suposto ter-se um final de vida digno. Os próximos anos já estão hipotecados, não são Futuro que se preze, não.
Enfim, não podemos esperar que seja só o Agostinho Neto a colocar pedras nos alicerces do Mundo, todos temos que merecer o nosso pedaço de pão. Sabemos, sem dúvida, que alguém, de alguma geração futura terá um Presente bem firme e seguro porque os alicerces que estamos a construir agora são grandes p'ra burro!
Como diz o Silvio, "Somos prehistoria que tendrá el futuro".
Ânimo!
Acho mesmo que pode ter mais que uma interpretação; tem a boa, muito boa, afinal o Futuro é o que está por contruir, é o que fizermos dele e pode sempre ser melhor do que foi o Passado. Se tivermos saudades do Passado quer dizer que já estivemos melhor do que estamos e que temos muito trabalho pela frente, mas o Futuro, o Futuro é sempre aquela possibilidade brilhante e seguramente muito mais bonita do que o Presente!
Mas, para ser muito franca, desde há uns tempos a esta parte que do que eu tenho saudades é de achar que o Futuro vai ser risonho, tenho saudades de não o ver coberto de negrume. Não o Futuro mais ou menos longínquo, esse eu sei que será bom, muito bom mesmo (afinal faço por isso), mas a curto e médio prazo o Futuro é negro. É negro de dívida, é negro de gestão danosa, é negro de crime político, social e simplesmente de colarinho branco.
O Futuro dos próximos anos não é Futuro que se preze, porque o Futuro é o tempo em que se realizam os sonhos e nos próximos anos não vejo muitos sonhos a realizarem-se, não vejo os sonhos de muitos a realizarem-se (de uma mão-cheia de energúmenos que partilham o mesmo sonho de enriquecimento desmedido sim). Não vejo o nosso povo a realizar sonhos nos próximos anos.
Os próximos anos são todos de Presente, um Presente de construção do Futuro, é certo, mas de Presente. Um Presente em que se vão adiando os sonhos (em alguns casos cancelando irremediavelmente). Os próximos anos serão anos de privações, de sacrifícios, de desemprego, de desrespeito por quem trabalha e pelo trabalho que faz. Serão anos de viver à míngua, de adiar casar, ter filhos ou sair de casa dos pais. Serão anos em que se deitam contas ao que se trabalhou e em que estas nunca batem certo (ou justo) com a pensão de reforma com que é suposto ter-se um final de vida digno. Os próximos anos já estão hipotecados, não são Futuro que se preze, não.
Enfim, não podemos esperar que seja só o Agostinho Neto a colocar pedras nos alicerces do Mundo, todos temos que merecer o nosso pedaço de pão. Sabemos, sem dúvida, que alguém, de alguma geração futura terá um Presente bem firme e seguro porque os alicerces que estamos a construir agora são grandes p'ra burro!
Como diz o Silvio, "Somos prehistoria que tendrá el futuro".
Ânimo!
Al final de este viaje
Silvio Rodríguez
"Al final de este viaje en la vida quedarán
nuestros cuerpos hinchados de ir
a la muerte, al odio, al borde del mar.
Al final de este viaje en la vida quedará
nuestro rastro invitando a vivir.
Por lo menos por eso es que estoy aquí.
Somos prehistoria que tendrá el futuro,
somos los anales remotos del hombre.
Estos años son el pasado del cielo;
estos años son cierta agilidad
con que el sol te dibuja en el porvenir,
son la verdad o el fin,
son Dios,
quedamos los que puedan sonreír
en medio de la muerte, en plena luz.
Al final de este viaje en la vida quedará
una cura de tiempo y amor,
una gasa que envuelva un viejo dolor.
Al final de este viaje en la vida quedarán
nuestros cuerpos tendidos al sol
como sábanas blancas después del amor.
Al final del viaje está el horizonte,
al final del viaje partiremos de nuevo,
al final del viaje comienza un camino,
otro buen camino que seguir descalzos
contando la arena.
Al final del viaje estamos tú y yo intactos,
quedamos los que puedan sonreír
en medio de la muerte, en plena luz."
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1.8.11
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