29.6.09

Solidariedade com as Honduras

Este blogue condena o golpe de Estado nas Honduras e solidariza-se com o povo hondurenho e com o legitimo presidente Manuel Zelaya. Nesta madrugada, um grupo de militares golpistas invadiu a Casa Presidencial e sequestraram o presidente daquele país. A ministra hondurenha dos Negócios Estrangeiros e os embaixadores de Cuba, da Venezuela e da Nicarágua foram sequestrados à margem da convenção internacional que protege e dá imunidade aos diplomatas. Os militares ocuparam as ruas e avenidas das Honduras. Ocuparam os meios de comunicação social e cortaram a distribuição de electricidade.

Esta foi a resposta da oligarquia à vontade do governo de convocar uma consulta popular para abrir uma Assembleia Constituinte que tomasse o povo hondurenho como protagonista da sua própria história. Manuel Zelaya pagou o preço de ter decidido seguir o caminho de uma verdadeira democracia. O golpe de Estado é tão ilegítimo que a Organização dos Estados Americanos e a União Europeia já condenaram aquela acção. Manuel Zelaya foi eleito pelo povo hondurenho em 2005 e o seu mandato termina no próximo ano.

Todos recordamos o golpe de Estado contra Salvador Allende e o povo chileno. Os militares liderados por Pinochet e pela CIA afogaram o Chile em sangue. Todos recordamos o golpe de Estado executado pela oligarquia venezuelana com o apoio do imperialismo contra Hugo Chávez e o processo bolivariano. Foi derrotado pela acção do povo venezuelano. E esse exemplo ecoou por todos os países da América Latina que nestes últimos dez anos decidiram segui-lo.

Portanto:

1. Exigimos o respeito pelo mandato do presidente Manuel Zelaya
2. Respeito pela vida e liberdade do governo, de todos os seus apoiantes e dos diplomatas
3. Respeito pela decisão de abrir um processo de consulta popular para constituir um referendo para constituir uma Assembleia Constituinte
4. Um apelo a que os militares estejam do lado do povo, do governo por ele eleito e não do lado da oligarquia e do imperialismo
5. Um apelo à unidade latino-americana em torno de processos democráticas que tenham os povos no centro do poder
6. Que o governo português condene de forma clara o golpe de Estado
7. Que a comunicação social portuguesa apresente as informações sobre os acontecimentos nas Honduras de uma forma objectiva

(Este texto foi-me enviado por mail. Em jeito de abaixo-assinado aqui o deixo na Eira)

Honduras - História de um continente...

Há coisas que demoram muito para mudar...

A tradição dos golpes militares para derrubar governos democraticamente eleitos que fincou os pés na América Latina no século XX continua nas Honduras.

O presidente Manuel Zelaya, eleito em 2006 e que pretendia fazer um referendo sobre a reeleição presidencial, está na Costa Rica depois de ter sido detido em sua casa por militares.

O governo dos EUA foi inquirido sobre o seu possível envolvimento no golpe de estado e nega-o. A única coisa boa que se pode tirar desta situaçao é precisamente esta suspeita. Demonstra que a memória histórica colectiva não sofreu tanto como gostariam os paladinos das novas democracias pos-ditatoriais latino-americanas. Esquecer em nome do desenvolvimento económico, amnésias à la carte, mas pelos vistos o povo não embarca assim tão facilmente nessas tretas neo-liberais.

Os por tantos chamados ditadores, Chavéz e Morales, condenaram a detenção do Presidente, Obama diz-se preocupado e foge com o rabo à seringa no que toca a tomar posição...

Que continente! Tão belo e rico e tão mal tratado...

Mas o povo cansa-se de ser maltratado. E quando se cansa faz revoluções...

28.6.09

Posta lamechas

No Domingo passado chegou a San Cristóbal a Natalia, uma amiga que viveu comigo dois meses em 2007, nesta cidade. Veio uma semana, em trabalho e numa fase em que eu também ando com bastante trabalho. A última vez que a tinha visto tinha sido há quase um ano (adoro a internet!) e foi muito bom vê-la outra vez! Veio com outra moça que também vinha em trabalho.

A Natalia vive em Inglaterra apesar de ser colombiana e espanhola (eu também sou portuguesa e vivo no México...) Desde há uns anos que chamo nomes feios à geografia porque passo demasiado tempo longe de demasiadas pessoas de quem gosto quase demasiado, porque só se pode gostar demasiado quando se gosta de más pessoas ou quando é doentio. Eu cá só gosto de boas pessoas e de uma forma muito saudável!

Ontem fomos jantar as três, elas tinham voo hoje de manhã. Jantámos, fomos beber uma cerveja e deixei-as no hotel antes de apanhar um taxi para casa.

Ao despedir-me disse à Natalia que ia estar do lado Este do charco no mês de Setembro e que se pudesse ia visitá-la a Bournemouth nessa altura. Os olhos dela ganharam um brilho tão bonito enquanto me diziam que tinha mais que espaço em casa dela que foram das mais belas coisas que vi nos últimos meses.

Claro que tenho continuamente noção da beleza da amizade, mas sabe bem deslumbrar-se especial e extraordinariamente com ela de vez em quando. Sobretudo quando se sente o peito crescer só com o brilho de uns olhos e um sorriso que se abre de repente!

27.6.09

Voos


Há uns três dias comprei o meu bilhete de avião para ir passar as férias a Portugal. Queria os últimos dias de Agosto, apanhar a Festa e tinha pensado voltar dia 20 de Setembro. De repente pensei: e se ficasse um mês? e vi que ficava ao mesmo preço voltar só a 27 de Setembro. Perguntei à minha mãe o que ela achava e ela disse que votava em um mês. E que, por falar em votar, podia ser que as legislativas fossem a 20 e tantos de Setembro, isto se o PR não as juntasse absurdamente com as autárquicas no início de Outubro.
Até Outubro não posso ficar, mas se já tinha muita vontade de ficar até finais de Setembro, a possibilidade de votar em Coimbra decidiu-me. Comprei o bilhete de volta para domingo 27 de Setembro, com certa esperança mas sem ilusões que com o Cavaco Silva a probabilidade de que saia uma coisa bem feita é mínima.

Hoje descobri que o facto de a probabilidade ser ínfima não implica impossibilidade.

O PR finalmente fez alguma coisa de jeito!

As legislativas não serão ao mesmo tempo que as Autárquicas e realizar-se-ão dia 27 de Setembro (notícia no JN e no Público).

Ora eu fico particualrmente contente com isto pelo motivo lógico de não misturar duas eleições, duas campanhas e questões muito concretas e diferentes em cada uma delas nas mesmas datas e, claro, por votar em Coimbra!

Não me importava que o meu voto fosse entregue no círculo eleitoral de fora da Europa, encabeçado pela Inês Zuber, no entanto dá-me uma grande alegria poder votar no círculo de Coimbra, encabeçado pelo Manuel Pires da Rocha. Tanto dia 27 de Setembro como em todo o período de campanha estarei em Portugal e sempre posso fazer campanha mais que cybernética.
Fica a faltar é mesmo o trabalho nas mesas de voto e saber o resultado na noite eleitoral. O meu avião de volta ao México sai às 20:25 desse dia.

Mas vou poder votar em Coimbra! E claro, o meu voto é CDU!

23.6.09

Época de chuvas #1

Aqui há tempos prometi coisas bonitas da época de chuvas.
Aqui está uma.

Aqui há várias do mesmo sítio

21.6.09

21 de Junho

Solestício de Verão e a chover a tarde inteira...

Que saudades do clima mediterrânico...

18.6.09

O efeito dos resultados eleitorais

É curioso como o resultado das europeias origina repentinos arrependimentos, mas não demais. QUando se faz mea culpa convém apontar o dedo a mais alguém para partilhar esse peso enorme que é a culpa hipocritamente assumida. Senão vejam:

"Gostaríamos de não termos cometido o erro de apresentar uma avaliação (dos professores) tão exigente, tão complexa, tão burocrática"... "os sindicatos também deviam meter as mãos à consciência."

- José Sócrates citado no JN

É só a mim que isto soa a insulto e a lobo em pele de cordeiro?

Colonatos israelitas

Segundo o Ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Avigdor Lieberman, "o congelamento absoluto" do crescimento dos colonatos judeus "não é aceitável" porque há que "salvaguardar o crescimento natural" (aqui no Público).
Ou seja, há que assegurar que as novas gerações israelitas tenham onde viver, tenham habitações. Mas o palestinianos dos campos de refugiados em Gaza e na Cisjordânia podem continuar a amontoar-se num espaço há décadas provisório e diminuto para a população que alberga. Isto enquanto as terras que historicamente habitaram servem para salvaguardar o "crescimento natural" israelita.
E depois os palestinianos são os terroristas...

15.6.09

Sempre a aprender


Como se está sempre a aprender ontem soube que a raíz do problema do conflito israelo-palestiniano é a insistência dos países árabes em não reconhecer o Estado de Israel. Ensinou-mo o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu quando também anunciou fará o especial favor de reconher o direito dos palestinianos a um Estado.
Dito assim até parece boa notícia. Faltou acrescentar que não reconhece o direito a um Estado soberano. O que Netanyahu "propõe" é que os palestinianos tenham um estado totalmente desmilitarizado e sem controlo do seu espaço aéreo. E agora adivinhem lá quem seria o principal polícia que garantiria essa desmilitarização! Os EUA, claro!

Quanto aos colonatos israelitas, não se construiriam mais, mas a retirada dos que já existem é uma possibilidade que nem sequer se coloca. Ah! E não esqueçamos que Jerusalém tem que ser a capital de Israel e só de Israel e que Israel tem que ser considerado como "o Estado dos Judeus".
Nunca percebi porque é que uma religião tem direito a ter um Estado (naturalmente também não percebo a existência do Vaticano).

Condensando bem as afirmações deste senhor os palestinianos têm direito a chamar Estado a um monte e pedras e areia, sem a sua capital, sem capacidade de defesa ou controlo do espaço aéreo e controlado pelos EUA. E diz isto o primeiro-ministro de um dos estados mais militarizados do planeta e que ainda por cima conta com arsenal nuclear, mas é normal! Assim fica a comunidade internacional feliz porque os palestinianos já têm um Estado e Israel tem facilitada a tarefa de genocídio de um povo a que se dedica desde a sua formação (na terra de outros, não nos esqueçamos).

As reacções a estas afirmações foram, naturalmente diferentes. A Autoridade Palestiniana, obviamente, rejeita as condições de Israel. Já Obama acha que a atitude israelita é um passo em frente no processo de paz e saúda o discurso de Netanyahu, demonstrando que a política dos EUA de protectores de Israel não vai mudar tão cedo e a UE faz coro.

Ainda sobre os Exames Nacionais

Este ano foi particularmente fértil em insultos dirigidos aos professores. Tudo porque não se calaram, nao acataram como bom e pacífico rebanho os ataques aos seus direitos e se queixaram e se manifestaram e lutaram. Chamaram-lhe maus profissionais, privilegiados, preguiçosos, de tudo um pouco.

Para todos os que insultaram e caluniaram o DN trás uma boa bofetada de luva branca:

As grandiosas descobertas do DN

Como a época dos Exames Nacionais está para começar os jornais enchem-se de estudos, entrevistas e conselhos aos finalistas do ensino Secundário. O DN chegou a esta brilhante conclusão:



Olha que grande descoberta!
Como se o PCP e a JCP não andassem a dizer isto mesmo há "qu'anos"!!!

14.6.09

O Choupal precisa de ajuda!

A Mata Nacional do Choupal (MNC) já precisava de ajuda, mas desde 31 de Dezembro de 2008 que precisa de muito mais ajuda do que antes!

É um dos maiores espaços verdes de lazer de Coimbra e é certo que precisa de preservação e requalificação. No entanto é uma importante zona natural de usufruto público para aqueles que vivem nesta cidade. Isto apesar de ter sofrido vários ataques que, ao longo dos anos, diminuiram a sua qualidade e a sua área. A MNC é gerida pelo ICNB, organismo estrangulado financeiramente e em muitos casos ineficiente. Mas agora está na mira de um ataque maior. O novo traçado do IC2 prevê a construção de um viaduto sobre o Choupal.

Formou-se e está activa a Plataforma do Choupal que, além de ter feito uma petição à Assembleia da República promove diversas actividades em defesa do Choupal.

A próxima dessas actividades é "Uma espécie de corrida pelo Choupal sem viaduto" a decorrer dias 26, 27 e 28 de Junho no Choupal.

Apareçam, divirtam-se e ajudem o Choupal!

13.6.09

Mais uma data importante

É importante pelo menos para mim!

Há 5 anos votei pela 1ª vez a sério!

Que quero dizer com "a sério"?

Quero dizer que já tinha votado para a associação de estudantes da escola secundária, que já tinha votado para os corpos gerentes da AAC, para o Núcleo de Estudantes de Biologia da AAC, mas "a sério" não!

Assim numa cabina de voto de uma sala da Escola Secundária Avelar Brotero em Coimbra, não!

Foi nas Europeias. No dia seguinte tinha exame de Biologia das Plantas e por isso não fui para as mesas. Depois de almoço fui à Assembleia de Voto com o meu pai. Voto na Freguesia de Santo António dos Olivais em Coimbra, a maior, com muitas secções de voto. Lá identifiquei a minha no intervalo onde cabia o 40393 (apesar de votar há menos tempo que o nosso 1º ministro sei o meu nº de eleitor) e fui votar.
Apresentei os documentos, deram-me o boletim de voto e dirigi-me à cabina de voto.
Percorri o boletim todo com os olhos, a CDU era uma das primeiras listas, percorri com o dedo a distância que separava o último "a" do quadradinho que ia assinalar e pus-lhe uma cruz. Uma cruz desenhada, duas diagonais, de um canto a outro cada uma para que não restassem dúvidas da minha intenção de voto. E fiquei uns segundos a olhar para o pedaço de papel, para ter a certeza de que não me tinha enganado e para fazer durar mais um bocadinho essa deliciosa sensação de poder e, ao mesmo tempo, de cidadania que é votar. Ainda o faço, ainda olho, ainda confirmo que não me enganei, mas já não levo tanto tempo como dessa vez.

Dobrei-o em 4, levei-o à urna e depositei-o.

Foi um dia muito importante!

Mais uma vez há quatro anos

Há quatro anos levantei-me por aí das 8h da manhã e liguei o rádio para ir ouvindo as notícias (provavelmente da Antena 1) enquanto pegavas nas coisas para ir tomar banho. Às 10h teria exame de Biologia Celular e Molecular e estava a pensar na coordenação horária do meu dia. O exame estava previsto para duas horas, mas era latamente provável que o terminasse em hora e meia o que me daria tempo de comprar o bilhete do comboio do meio dia e pico para Lisboa e chegar à estação, para ir ao funeral do Vasco Gonçalves. Na rádio a notícia ia a meio: "...desaparecimento de um personagem histórico da política nacional..." pensei "É por causa do funeral do Vasco Gonçalves", mas a notícia continuou: "...faleceu o Dr. Álvaro Cunhal...".
Olhei para o rádio, como se o pequeno objecto irregularmente paralelipipédico tivesse alguma informação visual para me dar e pensei "Os dois, foram-se os dois... As duas pessoas que mais admiro politicamente em Portugal foram embora e quase ao mesmo tempo!" e depois pensei "Já tinham esse direito há muito tempo". Admito, também tive um pensamento um pouco mais humorístico no meio disto tudo (nisso os portugueses somos mestres), pensei "Combinaram!".

Enfim... Lá tomei banho, fiz o exame numa hora e pouco, correu bem (mais tarde soube que tive boa nota), comprei o bilhete de comboio no multibanco e fui para a estação, Coimbra-b. O taxista que me levou era simpático. Ao chegar à estação ia a pensar que tinha que ligar aos meus pais, não lhes tinha dito que ia a Lisboa, imaginei que teria que ouvir coisas como "Vê lá não faças o exame à pressa por causa disso!" e outras legítimas preocupações do estilo. Mas não precisei de ligar porque na estação encontrei a minha mãe que levava o mesmo destino que eu e tinha bilhete para o mesmo comboio. Também não tinha dito nada porque não sabia se ia poder ir. Foi uma boa coincidência, embora por um triste motivo.

O funeral foi pequeno e militar, mais pequeno do que eu gostaria que fosse, mas em dia e horário de trabalho era complicado. Ainda assim reconheci muitas caras de camaradas do Partido e da JCP, esses terríveis orgulhosa e convictamente gonçalvistas que estranhamente ainda há no nosso País.

Tristemente há quem não tenha vergonha na cara e coube ao Coronel Vasco Lorenço falar no funeral do Vasco Gonçalves. Mas a superioridade moral é uma coisa incrível e, portanto, não pôde, esse "moderado", estragar a última homenagem que fomos prestar ao Companheiro Vasco.

O Governo decretou um dia de luto nacional e não pôs os pés no funeral, não me parece que tenha tido mais vergonha na cara que Vasco Lorenço, talvez só medo. Medo da comparação, Medo do exemplo.

10 de Junho


O assassino mais visível da Reforma Agrária foi anfitrião das cerimónias do 10 de Junho.
Quando vi o seu discurso perguntei-me: É para rir ou para chorar?

12.6.09

Inconstitucionalidades

Contituição da República Portuguesa
(...)
Artigo 7.º
Relações internacionais

1. Portugal rege-se nas relações internacionais pelos princípios da independência nacional, do respeito dos direitos do homem, dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dos conflitos internacionais, da não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados e da cooperação com todos os outros povos para a emancipação e o progresso da humanidade.

2. Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos.

3. Portugal reconhece o direito dos povos à autodeterminação e independência e ao desenvolvimento, bem como o direito à insurreição contra todas as formas de opressão.

(...)

TÍTULO X
Defesa Nacional

Artigo 273.º
Defesa nacional

1. É obrigação do Estado assegurar a defesa nacional.

2. A defesa nacional tem por objectivos garantir, no respeito da ordem constitucional, das instituições democráticas e das convenções internacionais, a independência nacional, a integridade do território e a liberdade e a segurança das populações contra qualquer agressão ou ameaça externas.

Artigo 274.º
Conselho Superior de Defesa Nacional

1. O Conselho Superior de Defesa Nacional é presidido pelo Presidente da República e tem a composição que a lei determinar, a qual incluirá membros eleitos pela Assembleia da República.

2. O Conselho Superior de Defesa Nacional é o órgão específico de consulta para os assuntos relativos à defesa nacional e à organização, funcionamento e disciplina das Forças Armadas, podendo dispor da competência administrativa que lhe for atribuída por lei.

Artigo 275.º
Forças Armadas

1. Às Forças Armadas incumbe a defesa militar da República.

2. As Forças Armadas compõem-se exclusivamente de cidadãos portugueses e a sua organização é única para todo o território nacional.

3. As Forças Armadas obedecem aos órgãos de soberania competentes, nos termos da Constituição e da lei.

4. As Forças Armadas estão ao serviço do povo português, são rigorosamente apartidárias e os seus elementos não podem aproveitar-se da sua arma, do seu posto ou da sua função para qualquer intervenção política.

5. Incumbe às Forças Armadas, nos termos da lei, satisfazer os compromissos internacionais do Estado Português no âmbito militar e participar em missões humanitárias e de paz assumidas pelas organizações internacionais de que Portugal faça parte.

6. As Forças Armadas podem ser incumbidas, nos termos da lei, de colaborar em missões de protecção civil, em tarefas relacionadas com a satisfação de necessidades básicas e a melhoria da qualidade de vida das populações, e em acções de cooperação técnico-militar no âmbito da política nacional de cooperação.

7. As leis que regulam o estado de sítio e o estado de emergência fixam as condições do emprego das Forças Armadas quando se verifiquem essas situações.

(...)


Ora, porque pus eu aqui estes excertos da nossa Contituição?

Eu já achava que a presença militar portuguesa no Afeganistão não era exactamente constitucional. Portanto, também acho que o reforço significativo dessa mesma presença tão pouco o pode ser. Na dúvida fui ler.
Vejamos, embora se diga que "
incumbe às Forças Armadas, nos termos da lei, satisfazer os compromissos internacionais do Estado Português no âmbito militar" também se diz que "Portugal reconhece o direito dos povos à autodeterminação e independência e ao desenvolvimento, bem como o direito à insurreição contra todas as formas de opressão". Parece-me, com base nestes trechos da Constituição, que a participação portuguesa na agressão da NATO contra o Afeganistão não é constitucional.
Tendo isto em conta também me parece inconstitucional o reforço da presença militar portuguesa no Afeganistão, para o qual, segundo disse o ministro da Defesa, Severiano Teixeira, numa reunião da NATO, Portugal está a ponderar várias soluções.
Na verdade, tendo em conta a natureza das intervenções da NATO, acho mesmo que é inconstitucional a presença de Portugal na NATO.

Mas isto é só a minha opinião, opine o leitor o que bem entender.

As "fantabulásticas" massas futeboleiras


Record Mundial e Histórico!O artigo de luxo Cristiano Ronaldo será comprado pelo Real Madrid ao M. United pela módica quantia de 93 milhões de euros. É só mais uma prova de que o mercado para os artigos de luxo não desaparece, antes aumenta em tempos de crise.

Soube disto através de um artigo de Almiro Ferreira no JN que me agradou bastante, pelo seu tonzinho irónico e desdenhoso

Com o Mundo em crise e Espanha com uma das mais altas taxas de desemprego desde que vive em "democracia" o Real Madrid tem 93 milhões de euros para comprar um jogador. Como se isso não fosse afronta suficiente ao povo em geral e aos adeptos de futebol em particular o salário do mnino é de 10 milhões de euros anuais por 6 épocas!

Pelo menos há quem se indigne com isto e o escreva na imprensa. Mas bonito, bonito era que se indignassem as massas futeboleiras com estas outras massas futeboleiras, de outra classe.

Digam lá se não se punha logo na ordem estes senhores (do Real Madrid e dos outros, que não são melhores) se os estádios europeus estivessem vazios toda uma época, se não se comprasse uma única camisola de clube, se não se lhes desse nem um centavo!

Eu gosto de futebol, mas isto, isto é demais!

Financiamento do PCP



"Debate: O fim anunciado da lei de financiamento dos partidos"



Tenho que admitir que quando li este título no Público senti um misto de esperança e desconfiança.

Por um momento pensei que fosse verdade, que a injusta Lei de financiamento dos Partidos estivesse para acabar, mas foi Sol de pouca dura. Lendo o artigo dei conta, primeiro da já habitual estratégia de chantagem da maioria absoluta do P"S" que afirmou que "Só estaríamos dispostos a colaborar em novas soluções se houver esse consenso." (não sei se o erro de português é do citado partido ou do jornalista). E depois que não estavamos a falar da lei, mas sim da alteração à Lei, aquela que, não sendo justa, era menos injusta que a primeira.

A actual Lei atinge com uma precisão mestra as formas de financiamento do PCP (daí o título do "post"). Para dar exemplos, as receitas da Festa do Avante, as recolhas de fundos e o pagamento de cotas pelos militantes. Tendo em conta que muitos não têm conta no banco não poderão dar a sua contribuição ao Partido através de cheque ou conta bancária, mas sim em numerário.

O veto do Presidente da República que temos não é estranho. Fiel ao capital não pode permitir que sequer se minore os ataques ao PCP. As suas alianças só lhe permitem que os agrave.

A comunicação social, ao serviço desse mesmo capital fez a manipulação que quis desta questão.
Ignorou, aquando da aprovação da Lei o aumento do financiamento estatal aos principais partidos políticos e empolou essa questão aquando da alteração quando nem sequer era isso que estava em causa. Fez o que pôde para que parecesse que o PCP defendia esse aumento de financiamento quando sempre esteve contra. E, na mesma linha, o Público de hoje não esclarece porque é que o PCP defendia a alteração da Lei que está em vigor.

É a comunicação social que temos, com os donos que tem e os amos que estes têm.
É o P.R. e a maioria absoluta que temos (apesar do meu voto). Mas seguramente não a que queremos nem a que teremos depois das Legislativas que aí vêm!

11.6.09

Há 4 anos

Há quatro anos morreu uma das pessoas que mais gosto me dá ter conhecido.
Há quatro anos morreu o General Vasco Gonçalves.


Não muito tempo depois de o meu cérebro desenvolver capacidades para a análise política ganhei um carinho muito grande (e muito racional apesar de ser uma emoção) pelo Vasco Gonçalves. Suponho que ganhei esse mesmo carinho que nutrem por ele as gerações dos meus pais e dos meus avós (a minha não em tão grande escala por ignorância e por calúnia). Aproveitei, sempre que pude para assistir aos debates a que ia, em que falava (e isto aos 80/80 e poucos anos), não do que devia ter sido e não foi, mas pondo os pontos nos is em algumas questões e sobretudo, falando do que havia para fazer, do que ainda tinha que ser, com os olhos postos no Futuro.



Tinha um hábito (e não era o único) que me agrada particularmente: falar de Portugal e do povo português na primeira pessoa do plural, não na primeira do singular, não na terceira. Não como algo que lhe pertencesse nem que lhe fosse alheio, mas sim como um colectivo no qual se incluía.
Por essa forma de falar, apaixonada, cheia de vontade e de esperança chamaram-lhe sonhador, chamaram-lhe louco, mas nenhum louco tem a clareza que tinha este homem e... "Sempre que um Homem sonha o Mundo pula e avança".


Devemos muito ao Vasco Gonçalves. À sua dedicação ao nosso País, à sua clareza de pensamento quando tocava às alianças que devia fazer, à sua rectidão, ao seu enorme altruísmo e ainda maior coragem. Devemos, como Povo, aos governos provisórios de que foi primeiro ministro (e particularmente ao V), enormíssimos progressos sociais. A nacionalização da banca e dos seguros, dos tranportes, dos principais sectores da economia; o salário mínimo, os subsídios de férias e de Natal, as férias pagas, a reforma agrária. Alguns já foram perdidos e lutamos por os recuperar, outros ainda lutamos por manter. Claro que não é trabalho só dele, nem ele nunca o afirmou, nem me passaria pela cabeça afirmá-lo eu, mas que teve muita importância, ai isso teve!


Claro que trabalhar para o Povo e o País deu direito a que uns quantos desenvolvessem um ódio visceral contra ele e que lhe tivessem muito medo ao mesmo tempo. Por isso era preciso tirá-lo do poder e dos quartéis e assim aconteceu, recorrendo ao engano e à calúnia. Mas não o retiraram da memória colectiva dos portugueses, isso não é possível e duvido que haja algum chefe de governo já retirado que alguma vez tenha recebido um aplauso mais caluroso e solidário que o que o Vasco Gonçalves recebeu no Pavilhão de Matosinhos em 1998 aquando da Cimeira Ibero-Americana.

Enfim, este "post" já vai grande e o que eu queria mesmo era, no quarto aniversário da sua morte, deixar uma merecida homenagem ao Companheiro Vasco que é, como diz a minha mãe, "o único primeiro ministro de jeito que este País teve".

8.6.09

Eleições Europeias

Ontem não houve direito a "post".
Ontem também não houve voto. Pela primeira vez abstive-me numas eleições desde que tenho direito ao voto. Uma abstenção forçada por motivos geográficos: não se pode votar nas Europeias estando fora da Europa.
É uma sensação muito feia não poder votar, nunca vou compreender aqueles que de livre vontade deixam de ir votar, deixam de ir às urnas, nem que seja para votar em branco ou nulo. Mas sentimentos à parte, até porque para as legislativas o meu voto já pode e já vai entrar na urna da embaixada portuguesa no México e a sensação já vai ser outra, importa falar do resultado das europeias.

O PS foi justamente castigado perdendo deputados (ficou com 7).
O povo português que foi votar premiou o péssimo trabalho do PSD com mais um deputado(ficou com 8) e o não melhor trabalho do BE com mais 2 deputados (ficou com 3).
O CDS-PP manteve os 2 deputados que tinha.
A CDU subiu de votação e de percentagem de votos e manteve os dois deputados que tinha.
Bem vistas as coisas o Partido que se ressentiu da perda de 2 deputados pelo círculo nacional (eram 24 e são 22) não se ressentiu só disso, perdeu votos, muitos votos e percentagem e deputados.

A CDU melhorou o resultado eleitoral pelo seu esforço e pela demonstração do seu trabalho e do lado da barricada em que está. E demonstra-o em força ganhando 3 distritos (Setúbal, Évora e Beja)

O BE ganhou muito mais do que merecia ganhar pelo péssimo trabalho que fez ou pelo trabalho que não fez do P.E.. Ganhando com o tratamento preferencial que lhe foi dado pela comunicação social e pelo descontentamento da população com o PS, sem que tenha coragem de alterar substancialmente a orientação do seu voto. Funcionando pelo engano, como lhe compete já que os interesses que serve não são em nada diferentes dos do PS e do PSD.

Enfim... Estou muito triste por não ter podido votar, mas estou bastante contente com o resultado eleitoral da CDU. A única coisa que falta é um pouco mais de publicidade ao trabalho que desenvolve (infinitamente maior que o de qualquer outra força política no panorama nacional).

Gostei bastante do tratamento que "Das Escadas do Monte" fazem dos resultados eleitorais.

Resta dizer que há mais duas batalhas eleitorais este ano. Numa delas posso votar, na outra não. Mas seguramente farei toda a campanha que possa em ambas.

6.6.09

Já que o dia é para reflectir

Ponta de Sagres, Agosto, 2004


Hão de ter dado conta que não sofro dessa coisa chamada originalidade e que, por isso, mandei uma piada mesmo muito velha. Mas enfim, assim sou eu e gosto da fotografia!

5.6.09

Sem falta!!!

É quase meia-noite em Portugal continental e, por isso, a campanha eleitoral para as Europeias está quase a acabar. É por esse motivo que deixo o último post de campanha:


Sem falta, hã!?

Motivos Frívolos

Para decidir em quem votar numas eleições há poucos motivos que sejam tão estúpidos como a estética dos candidatos, mas até baseando-me nela a melhor opção é indubitavelmente a CDU!
Ora vejam lá!

PS:



PPD/PSD:


CDS/PP:



BE:




E para acabar bem,

CDU:



Digam lá que os da CDU não são os mais bonitos!

Há várias eleições que opino que a CDU tem os candidatos mais bonitos e desta vez dei-me ao trabalho de publicar essa opinião. Mas eu sou muito subjectiva, acho sempre que as boas pessoas e competentes são mais bonitas que as outras... Afinal o meu critério estético não é assim tão descabido, dentro das minhas apreciações, claro!

Enfim, o que quero mesmo dizer é: VOTA CDU!

Desculpem lá,


mas é hilariante!!!


Segundo o Sol

"Vital com zero votos para o Conselho Científico da Faculdade de Direito

O cabeça-de-lista do Partido Socialista ao Parlamento Europeu foi o docente menos votado nas eleições para o Conselho Científico da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Vital Moreira não recebeu nenhum voto no escrutínio de terça-feira"


ah! ah! ah! ah! ah!

Adenda: O 5 dias faz um tratamento bastante mais sério da questão que também vale a pena ler.

CDU: Superioridade ética e Competência

O tema que quero abordar não é novo, mas não está demais repetir.

Pelos vistos, Edite Estrela, 2ª candidata ao Parlamento Europeu pelo PS e eurodeputada, acha mal que a Ilda Figueiredo, eurodeputada e 1ª candidata pela CDU ao Parlamento Europeu, seja simultaneamente candidata à Câmara Municipal de Gaia.

Segundo um site independente Ilda Figueiredo é a eurodeputada portuguesa que mais trabalhou neste mandato e a 11ª de todo o P.E. (sendo vreadora da Câmara Municipal de Gaia) e Edite Estrela ocupa um miserável 12º lugar entre os eurodeputados nacionais e um triste 274º lugar no total de deputados do P.E.

O dito site não é particularmente fiável para os deputados que suspenderam mandato já que não tem em conta na contabilização de iniciativas por deputados o tempo de mandato que cumpriram, mas neste caso, a informação queproporciona serve bastante bem.

Tendo em conta essa informação acho que vale a pena secundar as palavras de Jerónimo de Sousa que aconselhava Edite Estrela a ter mais cuidado quando optava por dirigir críticas a Ilda Figueiredo, já que, mantendo o compromisso com a população de Gaia, trabalhou três vezes mais no P.E. que a eurodeputada do PS.

Esta superioridade ética, cívica de competência e dedicação não a têm todos! E é um orgulho bem grande ver que onde a encontro sempre é mesmo no PCP e na CDU.

O que está, de facto ao alcance de todos é fazer com que esta superioridade dos candidatos da CDU esteja ao serviço do nosso país no P.E.

É fácil! É só votar CDU no domingo!

1.6.09

Como no te voy a querer


Há quem se queixe muito da teoricamente excessiva atenção que se dá ao futebol, sobretudo quando comparada com a reduzida que se dedica à política.
Eu cá disfruto de um bom jogo de futebol, alegro-me quando o clube da minha preferência ganha o jogo, não fico particularmente triste quando perdem e vejo a selecção com um fino (ou imperial, a mim tanto me faz a designação) e um pires de tremoços à frente. Isso sim, em boa companhia.
Do que disfruto mais, tenho que admitir, é da companhia e, em segundo lugar, das reacções dos fanáticos. Dos gritos desesperados e dos insultos ao árbitro, das respirações sustidas, dos suspiros de alívio, dos saltos e das palmas para a televisão quando a ocasião é de alegria.
Adoro esse entusiasmo e essa igualdade de reacções que provoca o futebol a nível internacional.
As testas franzidas, as unhas roídas, as caras pintadas e, sobretudo, a explosão eufórica quando o clube de eleição marca golo! Os gritos, as canções, os saltos, a alegria sem mais explicação nem motivo que uma bola que bate na rede ao chegar ao fundo da baliza.

Posso dizer que gosto orgulhosamente de futebol e que isso não faz com que esteja menos alerta às questões políticas actuais (e menos me tira memória histórica).
Uma pessoa não se faz só de trabalho e consciência política, faz-se de diversão, de lazer, de cultura, de convívio. E como disfruto desse fino, desse pires de tremoços, dessa companhia e desse jogo de futebol na televisão de um café qualquer!

Tudo isto para dizer que estou muito contente com o resultado da segunda final da liga da 1ª divisão mexicana de futebol.
O jogo foi bom, rápido, disputado, com contra-ataques que elevam os níveis de adrenalina e o ritmo cardíaco, boas defesas, grandes passes e admiráveis cortes e recuperações, enfim, um bom espectáculo desportivo. Tive direito a essa boa companhia que se quer sempre para ver jogos de futebol, faltaram os tremoços (que por cá não há) e o fino já que as bebidas alcoólicas ainda me estão proíbidas.
A minha preferência de clube no México tem um motivo tão absurdo como acho que são os de quase toda a gente quando toca a escolha do clube de futebol que preferem. Uma vez venderam-me um isqueiro dos PUMAS da UNAM e, como gosto do logotipo e a UNAM é uma universidade de inquestionável qualidade, com uma história de movimentações sociais particularmente rica, decidi que era pelos PUMAS que eu ia torcer.
Depois de ter acompanhado a liga com consideravel desleixo, vi os PUMAS ganhar a 1ª final 1-0 no Estádio Universitário ao Pachuca e hoje vi-os empatar em Pachuca 2-2 e com esse resultado ganhar o Campeonato da 1ª Liga. Fiquei contente, mas não tanto como para me juntar aos desfiles que encheram as ruas mesmo aqui no Sul (os PUMAS são a 3º clube com maior número de adeptos no país).

Tenho que admitir que me alegro por motivos que se pode dizer que até são tontos, mas... Os PUMAS são campeões e eu estou contente, porra!