29.5.09

E não param!

Os arcebispos de Madrid também devem andar à procura de desculpas para comportamentos ilícitos, devem, devem!

Então não é que vêm dizer esta barbaridade:

"Cuando se banaliza el sexo, se disocia de la procreación y se desvincula del matrimonio, deja de tener sentido la consideración de la violación como delito penal"

na revista Alfa y Omega do Arcebispado de Madrid!?

O cardenal arcebispo Antonio María Rouco Varela, presidente da Conferência Episcopal acrescenta ainda: "Ése es el ambiente cultural en el que vivimos, y, sin embargo, la inmensa mayoría de los españoles consideraría una aberración que se sacara la violación del Código Penal, aunque, a sólo cien metros, uno tuviera una farmacia donde comprar, sin receta, la pastilla que convierte las relaciones sexuales en simples actos para el gozo y el disfrute". (Aqui no El País)

Entendamo-nos! Precisamente porque as relações sexuais devem ser actos em que se goze e disfrute, vivendo uma sexualidade saudável, consciente e plena é que a violação é um acto tão horroroso! Não é obrigar alguém a divertir-se, como diz esse asqueroso senhor! É uma situação traumática, que deixa marcas demasiado profundas e por demasiado tempo nas pessoas que a sofrem.

Pessoas destas deviam ter vergonha de abrir a boca! Não consigo perceber o que acham que conseguem ganhar com este tipo de discurso! E não percebo porque não acredito que ninguém possa ser suficientemente estúpido para cair neste conto!

Tipicamente é muito complicado que não desgoste do que dizem os senhores representantes religiosos, mas desta vez deixaram-me mesmo enojada! Chiça!

Mais uma vez, ateia, sim senhor!

Ateia, sim senhor!


Pelos vistos agora a gravidade de um crime é medida em função da pretensa destruição que provoca um comportamento legal. Descobri isso ao ler o El País.

E dei-me ao trabalho de ver a entrevista à TV3 em que, a propósito dos episódios de abusos sexuais ocorridos nas escolas católicas da Irlanda, o Cardeal Antonio Cañizares diz que são "conductas totalmente condenables y tenemos que pedir perdón". No entanto, como se lhe fizesse mal tanto arrependimento repentino, sente a necessidade de minorar o caso dizendo: "no es comparable lo que haya podido pasar en unos cuantos colegios" com "los millones de vidas destruidas por el aborto".

Eu acho que não me choco facilmente, mas esta afirmação parece-me perfeitamente abjecta! Então tem lá comparação a subjugação sexual de uma criança por um adulto em função da satisfação dos seus pervertidos desejos (não costumo julgar a práticas sexuais das pessoas, mas os casos da pedofilia e do abuso são excepcionais) com a decisão difícil e traumatizante de uma mulher de fazer um aborto, em função da sua vida, das suas capacidades económicas, dos seus desejos e aspirações?

Talvez seja discriminatório, mas só mesmo da cabeça doente de um representante religioso podia sair uma ideia assim! Se alguma comparação entre os dois temas fosse possivel numa mente sã seria entre o trauma do abuso sexual e o trauma de um aborto clandestino.

Onde é que já se viu tentar minimizar o impacto das perversões dos seus pares, dos seus crimes com a situação de legalidade do aborto?!

Este senhor disse também que a lei do aborto "debilita los fundamentos de nuestra sociedad", vem falar das bases para a democracia e sobre o que deve ou não deve fazer o governo. Eu cá digo que senhores como este e como os abusadores que não são só irlandeses é que os debilitam! Debilitam o respeito, impedem a aprendizagem sã e feliz da sexualidade e privam as pessoas do direito fundamental sobre o seu próprio corpo. E como se fosse pouco nada autoritária instituição que é a igreja vem dar-nos lições de democracia! Como se lhe competisse imiscuir-se nos assuntos de Estado! Ele há cada um!

E ainda há quem não perceba que eu seja ateia! Irra!

24.5.09

A Marcha da CDU



85 000! E isso que faltava lá eu!
Quando se está longe é TÃO BOM não fazer falta!
Grande marcha, grande coligação!
Estou contente, estou mesmo contente!

23.5.09

Tapar o Sol com a peneira

No Rio de Janeiro cercar-se-ão favelas com muros para conter o crescimento desses bairros e proteger a floresta. Curiosamente a localização coincide com uma zona turística. Mas não se preocupem! Os cidadãos (sim, também o são) que aí vivem foram ouvidos e, portanto, há zonas que em vez dos altos muros terão redes de pouco mais de meio metro com um corrimão no topo! (Aqui notícia em La Jornada).

Sim, eu também acredito piamente que com a construção de muros se resolverão os problemas e as gravíssimas assimetrias sociais que levam à formação das favelas. Afinal, olhos que não veêm, coração que não sente! E enquanto os turistas não virem a malta dos condomínios fechados não precisa de ter vergonha de ser brasileira. Isto sim é tapar o sol com a peneira! Assim como assim, até os buracos tem!

Mais um para o grupo dos muros anti-sociais e descrimitatórios. Já tinhamos o do México (que nem é do México é dos EUA), o da Faixa de Gaza (que não é palestiniano mas sim israelita) e agora um brasileiro, este com a particularidade de que descrimina dentro de um mesmo país.
Pelos vistos nem todos os muros são tão maus como o de Berlim, ou então é da mudança de século. Quem sabe!

Para quê mudar uma estratégia que funciona?

Sem dúvida que a Human Right Swatch, perdão a Human Rights Watch, gosta muito de meter o nariz onde não é chamada. É o que eu chamo ver a palha no olho alheio e não ver a viga no próprio. Mas cumprem um papel precioso na ordem mundial, isso sem dúvida!
Estranho seria que não o fizesse. Afinal é uma organização dos EUA. Sim, esse país que tão prontamente reconheceu a validade do golpe de estado de 2002 contra Chavéz (antes que fosse resgatado pelo população, claro). Estranho seria, sem dúvida, até porque a Globovisión na Venezuela não faz mais do que fez a imprensa chilena no Chile e a mando dos EUA antes do 11 de Setembro, sim o de 1973.
Para quê mudar uma estratégia que funciona?

20.5.09

Gostei muito!

Este post, hoje em versão bilingue por ter dois destinatários principais, serve para dizer que foi muito fixe encontrar isto ao chegar a casa!
Obrigada a vocês pela visita e pela companhia.

Ce post, aujourd'hui en version bilingue parce que il a deux destinataires principaux, sert a dire que c'etait très cool de voire ça en arrivant chez moi!
Merci a vous pour la visite et la compagnie.

18.5.09

Sobre o preço do café


Ultimamente não penso muito nisso, até porque depois de mais de um ano a receber e pagar em pesos mexicanos, e com as fluctuações do cambio, já não faço a conversão de preços frequentemente.
Relmente não me custa muito pagar os 14 ou 15 pesos pelo café num qualquer café do centro. Talvez seja porque não o vou lá tomar muitas vezes (sobretudo desde que comprei uma cafeteira italiana cá para casa). Mas se me puser a pensar nisso, no México (país produtor e exportador de café) é mais caro tomar uma chávena desse escuro líquido que em Portugal (país não produtor e importador de café). A situação não se pode justificar com gastos de transporte, afinal eu até vivo em Chiapas, zona cafetaleira por excelência, nem com superior qualidade do producto já que todos sabemos que a América Latina exporta qualidade e deixa aos autóctones os productos de segunda e muito menos pelo preço da mão-de-obra que, sobretudo aqui no Sul é bem barata.

Vá lá um gajo perceber a economia!

Se nos fue Benedetti


Há uns anos, numa das típicas conversas nonsense (ou talvez não tanto) da mesa de jantar da minha família, o meu pai e eu chegámos à conclusão que devia haver uma instituição chamada Human Left Swatch. Isto num trocadilho sobre o Human Rights Watch e a conhecida marca de relógios.
Claro que contava com nós os dois como sócios.
Como europeia pouco conhecedora da literatura Latino-Americana só anos mais tarde soube da existência de Mario Benedetti (sobre o qual já escrevi outro post) que escreveu

Ahora todo está claro

Cuando el presidente carter
se preocupa tanto
de los derechos humanos

parece evidente que en ese caso
derecho no significa facultad
o atributo
o libre albedrío
sino diestro
o antizurdo
o flanco opuesto al corazón
lado derecho en fin

en consecuencia
¿no sería hora
de que iniciáramos
una amplia campaña internacional
por los izquierdos humanos?

A partir do momento em que li este poema acalentei a esperança de poder convidar o Benedetti para o Human Left Swatch.

Hoje à tarde recebi uma mensagem de um amigo que dizia "Se nos fue Benedetti, Ana :(". Fiquei verdadeiramente triste, era uma das minhas personagens preferidas deste continente e deste povo que eu continuo a considerar uno apesar da sua diversidade.

Reconhecidamente brilhante tanto na poesia como na prosa e no teatro, apesar de ter visto interrompidos os seus estudos por motivos financeiros. Progressista e humanista da América Latina e do Mundo. Impulsionador da produção cultural e da mudança social. Sofredor de ditaduras e de um exílio longo e penoso, foi até ao fim da sua vida um defensor da dignidade humana, firme e fiel aos seus princípios. Vale a pena ler os textos tanto de José Saramago como de Pilar del Río sobre o seu falecimento.

Aos 88 anos, e padecendo de problemas respirtórios e digestivos há algum tempo, já tinha sofrido suficientes contrariedades na vida. Como humanista que era não podia estar vivo e não ter contrariedades. Foi-se-nos, com certa justiça, tem direito ao descanso e deixou-nos um grande legado escrito. Grande e bom, que faz pensar e sentir, que, de alguma forma, nos leva a procurar crescer enquanto pessoas. Mas eu, de forma bastante egoísta, gostava que ainda cá ficasse mais uns tempos.

Adeus, Mario.

16.5.09

Juan Sabines Guerrero


Estava à procura de uma palavra que condessasse o que penso e, sobretudo, o que sinto de cada vez que vejo o Governador do Estado de Chiapas, o Priísta Juan Sabines Guerrero. Pensei em incómodo, desagradável, abjecto, mas acho que do que estava à procura era mesmo indigesto.

14.5.09

El agua que viene del cielo trae mucha bendición

A casa onde moro tem um jardim. Não é um jardim grande e é todo murado, o que me impede de ver as montanhas, mas tem relva e eu gosto dele. Quando arrendámos a casa havia quatro plantas (além da relva e algumas ervas daninhas): um cedro (desses ciprestes magrinhos dos cemitérios de uns 60 cm), duas trepadeiras raquíticas mal agarradas ao muro oeste e uma planta de flores cor de rosa/arroxeado que não sei como se chama com um suporte feito de tubo de água, desses metálicos (não sei qual é o material ao certo). Como disse, gosto do meu jardim e portanto comecei a preenchê-lo um bocadinho mais, com alguns contributos de um dos meus companheiros de casa. Agora tem quatro roseiras, cravos túnicos, margaridas, uma madresilva, outra trepadeira, uma orquídea, umas quantas plantas em vasos suspensos, um arbusto de "huele de noche" e dois arbustos de brincos de princesa que atraem os colibrís (infelizmente ainda não consegui fotografar nenhum mas gosto muito desses diminutos visitantes). Na parte de trás da casa está o pátio de serviço com o tanque, as cordas da roupa e um rectângulo de terra de reduzidas dimensões. Aí tenho coisinhas comestíveis diversas (tomateiros, alfaces, tomilho, alecrim, hortelã, coentros, cebolas e alhos) em estadios de desenvolvimento diversos, mas maioritariamente iniciais. Vou ter muitas saudades do meu jardim quando me for embora, vou, vou. (aqui há algumas fotos do jardim).
Na verdade. para este texto, o que importa mesmo é a relva. Naturalmente não tenho um cortador de relva e apará-la com uma catana de mato dá cabo das costas. Por isso, de vez em quando (com uma periodicidade variável dependendo da época do ano, se seca, se de chuvas) vem um senhor cortar a relva e chama-se Alfonso.
O don Alfonso é um senhor bem disposto e conversador, dos seus 40 e tal, 50 anos que uma vez, conversando sobre como as plantas cresciam muito mais depressa na época de chuvas, me disse:
"Las plantas siempre crecen mejor con la lluvia que cuando las riega uno. Es que el agua que viene del cielo trae mucha bendición!"
Na altura achei que era uma boa tirada e que, de facto, a água das chuva parecia fazer crescer melhor as plantas que quando eu as regava. Claro que há-que considerar que a época de chuvas coincide com o maior fotoperíodo neste caso, mas de qualquer modo era uma boa frase. Pelo menos tive essa opinião até há uns dias. Há uns dias estava quase a chegar a casa de bicicleta e caiu uma granizada valente. Acelerei enquanto os pedaços absurdamente grandes de gelo me magoavam cara e mãos e cheguei a casa. No dia seguinte constatei que a bendição tinha sido tanta que cebolas, cravos túnicos e alfaces tinham ficado com as folhas irremediavelmente partidas (as alfaces tinham talvez metade da área foliar que tinham desenvolvido até ali). A partir de então voltei à minha presunçosa sobranceria em relação aos ditados dos crentes...

10.5.09

Pequenos nadas


Há bastante tempo que acho a expressão "a vida é feita de pequenos nadas" um bocado conformista. Claro que as pequenas felicidades devem ser valorizadas, mas parece-me que dita expressão nos diz que nos contentemos com pouco porque o muito é difícil de atingir ou mesmo inatingivel.
No entanto, hoje tive direito a um pequeno nada que me soube excepcionalmente bem.
No México não é muito conveniente beber água da torneira se se quiser manter o corpo saudável porque o referido líquido é so teoricamente potável. Por causa dessa realidade a maioria das pessoas (eu incluída) bebe água purificada. Sim, purificada. A água de nascente é outra coisa que não se comercializa, pelo menos em Chiapas, devido ao grau de contaminação dos ecossistemas, nomeadamente dos cursos de água. A água purificada pode encontrar-se em garrafas, garrafinhas e garrafões. Chiapas é dos estados do México mais ricos em água e, curiosamente, só uma das marcas de garrafas e garrafinhas é mexicana e chiapaneca. Todas as outras são estrangeiras de diversos países sede de multinacionais. Já as empresas de garrafões são de cá. Além de abastecerem as "tiendas de abarrotes" ou "tienditas de la esquina" (lojas um bocado mais pequenas que um minimercado e que cumprem a mesma função) costumam ter circulando pelas ruas umas camionetas carros de som que vendem os garrafões de porta em porta. Tipicamente trazem uma música irritante que se mete na cabeça e não desaparece acompanhada de frases publicitárias particularmente ridículas que às vezes chegam a rimar(prometo que se puder gravo e ponho aqui no blog). Ao ouvir a musiquinha as pessoas saem esbaforidas de casa na esperança de conseguir chamar a atenção do condutor da camioneta. Há um motivo para este desespero de comprar o garrafão no "camión repartidor": os garrafões são de 20 Litros, custa carregá-los daqui para acolá.
Geralmente não tenho sorte e a camioneta não passa quando o garrafão (retornável) se acaba e tenho que o ir trocar por um cheio à "tiendita" o que implica carregar com mais de 20Kg por uns 80m. Acreditem, custa!
Hoje, depois de mais de um ano vivendo nesta casa, consegui comprar um garrafão de água à camioneta que não me deixa dormir até tarde ao fim de semana. Foi um grande pequeno nada!

7.5.09

A não perder





















Você Está Aqui


As cidades são espaços de mudanças rápidas, onde impera a velocidade, mas também locais moldados pelas suas memórias. Neste espectáculo queremos olhar para o espaço urbano e encontrar as suas memórias, procurando nos becos e esquinas, nas varandas e nos telhados, os segredos que têm para nos contar.

Num espectáculo onde prevalece uma opção pela linguagem corporal, partimos dos gestos do quotidiano, compilando-os, distorcendo-os, aumentando-os, para assim brincar com o conceito da velocidade corpórea inerente a todos os espaços urbanos. Queremos explorar também, de modo inovador, as potencialidades expressivas dos gestos, hábitos e danças tradicionais, frequentemente associados ao mundo rural, para revelar o seu ponto de fusão com aqueles que se sentem ser os ritmos do quotidiano urbano.
Quem sabe se desta vertigem de linguagens não se descobre, afinal, um mesmo corpo, contador de histórias e confessor de memórias… Dessas que se levam, distraidamente, nas viagens entre os lugares e que nas quais já perdemos o mapa.

Ficha Artística/Técnica
Concepção artística: Criação colectiva, a partir de um workshop orientado por Clara Andermatt
Imagens e Vídeo: GEFAC e Colectivo Nefasto
Desenho de luz: GEFAC e Gilberto Pereira
Cenografia e figurinos : GEFAC
Produção: GEFAC


É o novo espectáculo geral do Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra (GEFAC). Estreando a 14 e 15 de Maio, no Convento de São Francisco, em Coimbra, às 22h, estará também em cena no Teatro da Comuna, em Lisboa, dia 23 de Maio, às 21:30.

Eu iria se pudesse. Disfrutem!

(Des)memória

Não por ter memória curta, mas sim por ter nascido em 1984, não me lembrava do incidente com o PS no 1º de Maio de 1975, embora já tivesse lido ambas as versões que deu Mário Soares sobre o sucedido.
Recordei o tema ao ler "A talhe de Foice" do Avante de hoje, dia 7 em Portugal, embora ainda seja dia 6 no México. Escreve-o Anabela Fino e intitula-se (Des)memória. Parece-me que vem bem a propósito e põe os pontos nos iis (como é hábito do Avante e da Anabela Fino).
Recomendo vivamente a leitura e não o transcrevo aqui porque de passagem pela página do Avante pode ser que algum dos leitores ceda à tentação de ler outro artigo ou mesmo de adicionar a página do Avante aos Favoritos (ou Bookmarks se gostar mais da raposa) e isso faz sempre bem!

5.5.09

O Pete Seeger fez 90 anos


Ontem fez anos o Pete Seeger.
Acredito que seja um nome pouco conhecido para muitos. Eu conheço o nome e parte da producção musical deste senhor através do meu pai, a quem devo uma boa parte da minha educação musical.
Pete Seeger é um cantor, escritor e activista dos EUA, mas como o objectivo deste post não é fazer a biografia do senhor recomendo a Wikipedia para o efeito.
O Pete Seeger fez ontem 90 anos e o seu aniversário foi celebrado com um concerto no Madison Square Garden em Nova York levado a cabo por muitos e grandes nomes da música, como Joan Baez, Bruce Springsteen, Roger McGuinn e Arlo Guthrie (notícia do New York Times aqui). Mas houve quem, estando convidado não pudesse comparecer por questões políticas. O conhecido cantor cubano Sílvio Rodríguez foi convidado para o concerto, pediu o visto aos EUA e foi-lhe negado. Aqui podem ver a carta de Sílvio Rodríguez a Pete Seeger por ocasião do seu aniversário a que foi obrigado a faltar.

O Pete Seeger tocou na tomada de posse do presidente Obama e acredito que tenha votado nele. Pergunto-me se não se sentirá agora um bocadinho enganado. Sei que eu, na sua posição, daria o meu voto por muito mal empregue. Mas devo admitir que tenho a sorte de ser votante num país onde sempre terei uma boa alternativa de voto. Poderei sempre votar CDU ou PCP ou no candidato do PCP às presidenciais e poderei, assim, dar sempre o meu voto por bem entregue e empregue.

Listas e Consciências

No pasado dia 30 de Abril os EUA voltaram a classificar Cuba como nação que fomenta o terrorismo, assim como o Sudão, o Irão e a Síria, numa dessas listas que eles gostam de fazer para etiquetar e estigmatizar países que não se alinham com as práticas e as ideologias dominantes.


Um reporter da France Presse perguntou ao Ministro de Relações Exteriores Cubano, Bruno Rodríguez, a sua opinião a respeito. A resposta merece ser publicada na íntegra.


"Nosotros no reconocemos ninguna autoridad política ni moral al Gobierno de EE.UU. para hacer lista alguna, en ningún tema, ni para ‘certificar’ buenas o malas conductas.

"El Gobierno de Bush fue ‘certificado’ por la opinión pública mundial como un gobierno violador del derecho internacional, agresivo, guerrerista, como un gobierno que tortura, como un gobierno responsable de ejecuciones extrajudiciales.

"Bush ha sido el único Presidente que se ha jactado en público, en el Congreso norteamericano, de haber realizado ejecuciones extrajudiciales, un gobierno que secuestró personas y las trasladó de manera ilegal, que creó cárceles secretas, que nadie sabe si todavía se mantienen, que creó un campo de concentración donde se tortura en la porción de territorio que usurpa a la República de Cuba.

"En materia de terrorismo, el Gobierno de los EE.UU. históricamente ha tenido un largo expediente de acciones de terrorismo de Estado, no sólo contra Cuba.

"En Estados Unidos se pasean libres Orlando Bosch y Posada Carriles, responsables de numerosos actos terroristas, incluida la voladura de un avión civil cubano en pleno vuelo. No se responde la solicitud de extradición de Venezuela con relación a Posada Carriles, a quien se juzga por cargos diversos, pero no como un connotado terrorista internacional.

"El Gobierno de Estados Unidos realizó un proceso amañado contra los cinco jóvenes luchadores antiterroristas cubanos que hoy permanecen como presos políticos en sus cárceles.

"El Gobierno de Estados Unidos ampara actos de terrorismo de Estado, cometidos por Israel, contra el pueblo palestino y los pueblos árabes. Guardó silencio ante los crímenes ocurridos en la Franja de Gaza.

"De manera que a Estados Unidos no habría que reconocerle la menor autoridad moral y yo, francamente, creo que nadie hace caso ni lee esos documentos, entre otras cosas, porque su autor es un delincuente internacional en muchos de los temas que critica.

"La posición de Cuba contra toda manifestación y forma de terrorismo, dondequiera que se cometa, contra cualquier Estado que se cometa, en cualquier forma que se realice, con cualquier propósito que se proclame, es clara y consistente con su actuación.

"Cuba ha sido víctima del terrorismo por muchos años y tiene una hoja de servicios totalmente limpia en esta materia. Jamás el territorio cubano se ha utilizado para organizar, financiar o ejecutar actos terroristas contra los Estados Unidos de América. El Departamento de Estado, que emite esos informes, no podría decir lo mismo."


Esta declaração foi emitida da reunião de chanceleres do Movimento dos Países Não Alinhados.

Apesar de vir com uns dias de atraso parece-me que não deixa de ser válido publicar aqui esta declaração, já que não a acho suficientemente divulgada. As pseudo-epidemias ofuscam (tão convenientemente) muitas coisas importantes no Mundo.


Já tinha feito algumas considerações sobre a postura do presidente Obama em relação a Cuba, parece-me que se tornou mais clara desde dia 30.


Por algum motivo os discursos de consciência tranquila soam sempre muito mais convincentes que os dos hipócritas com telhados de vidro, por muita lábia que tenha o hipócrita desavergonhado.

3.5.09

Epidemias e valor político

O número de consultas por sintomas de gripe A diminuem de 200 e qualquer coisa para 40 diárias do Distrito Federal e não se registaram mais casos novos.
As agências farmacêuticas já enriqueceram e asseguraram que vão continuar a enriquecer com o desenvolvimento e a producção massiva da vacina contra a gripe A. O próprio presidente Obama já disse que podia ser que a gripe A poderia voltar mais virulenta no Outono (aqui no El Universal). Curiosamente a gripe A tem uma taxa de infecçção menor do que a gripe convencional e de mortalidade também.
Entretanto, no México como nos EUA a crise económica saiu das primeiras páginas dos jornais e a população une-se na luta contra o terrivel vírus e o desgoverno de Felipe Calderón e do Partido Acción Nacional é mais ou menos esquecido. Da mesma forma ficam justificados os novos empréstimos ao Banco Mundial, endividando ainda mais uma nação que já tinha a coluna vertebral permanentemente dobrada pelo peso da dívida externa anterior. Mas desta vez não há problema, tudo seja pela saúde de uma população atormentada por uma verdadeira epidemia de pânico.
Igualmente, e ao bom estilo estadunidense, que isto de ter o manda-chuva coladinho ao Norte faz com que alguns bons costumes se adquiram por osmose, numa semaninha só aprovaram-se 25 leis controversas que praticamente não tiveram cobertura mediática. Isto porque um dos proincipais efeitos do vírus afinal não é a febre, é a redefinição de conceitos porque a seccção política dos jornais ultimamente parece a secção de saúde e tudo ficaria bem se a secção de saúde fosse política, mas não. Pelos vistos a desinformação política da população é um poderoso anti-viral, é curioso que não apareça recomendada directamente pela OMS.
Verdade seja dita a OMS também vai cumprindo o seu papel: lá vai dizendo que a pandemia é eminente, que passámos do nível 4 para o 5 numa escala de 6 (e não diz a ninguém o que isso significa) mas que não é preciso fechar fronteiras! E afinal em que ficamos? Há pandemia ou não há?
Entretanto em Burkina Faso morrem centenas de pessoas por uma epidemia de sarampo e meningite (notícia aqui), doenças para as quais existem vacinas. Mas isso não é assunto para a OMS, nem para a solidariedade internacional e menos para empréstimos milionários. Convém não esquecer que a doença (ou a saúde) também é uma questão de classe (e de conveniência política).

2.5.09

Efeméride de 1500

Eu sabia que em 1500 o Pedro Álvares tinha chegado ao Brasil. O que não recordava (suponho mo ensinaram na escola) era que lá tinha chegado no dia 1 de Maio. Acho que essa efeméride merece sugerir o Fado Tropical do Chico Buarque neste blog.

1º de Maio

No México cancelaram todas as manifestações do 1º de Maio por causa da epidemia de gripe A.

Na Turquia foi feriado e os trabalhadores que sairam à rua tiveram direito a carga policial.

Em Portugal o Vital Moreira foi agredido da manifestação da CGTP e fugiu com ar cabisbaixo para a manifestação da UGT. Mas, como diria o Sérgio Godinho há uns anos, “lá por dentro com o rabinho a dar a dar” porque à conta da agressão ficamos sem saber quantas pessoas estavam na manifestação e o dito indivíduo passa a ser um pobre coitado, meio mártir. Boa maneira de angariar votos para as europeias, sim senhor.

Mais uma vez, em baixeza, há que tirar o chapéu ao PS.


P.S.: Nem consegui encontrar uma fotografia decente da manifestação da CGTP.

1.5.09

Uma questão de Semântica


A Organização Mundial da Saúde mudou oficialmente o nome da doença que provoca a epidemia actual de "swine influenza" para "influenza A".
Eu acho que é só para evitar que na famosa história infantil dos três porquinhos os heróis não se transformem em vilões.
É a semântica ao serviço do imaginário das novas gerações! Só do pobre do lobo é que nunca ninguém se compadece...