14.6.13

A pátria inteirinha na mão dos professores

No contexto da greve dos professores no dia do primeiro exame nacional deste ano várias personalidades têm vindo dizer que o futuro dos alunos, os seus sonhos e aspirações estão a ser postos em causa pelos professores grevistas, aliás pela teimosia do sindicato (a questão semântica interessa).

Parece-me isto muito curioso. Pelos vistos, se os sindicatos não tivessem convocado a greve, se os professores não aderissem a ela e os alunos pudessem fazer o exame nacional o cenário económico-social pátrio seria algo bem diferente:

A taxa de desemprego desceria para níveis nunca imaginados (nem pelas mais optimistas mentes durante o PREC).
Abririamos fábricas em barda, todas cheias de trabalhadores de justos salários e longe, muito longe da falência. Nas notícias apareceriam trabalhadores a abraçar os patrões em vez de exigirem o pagamento de salários em atraso, já de carta de despedimento na mão.
As "pastagens permanentes" do Alentejo seriam semeadas e as terras clamariam por mãos e braços e conhecimento e tecnologia.
O investimento em ciência e tecnologia aumentaria exponencialmente e descobririamos a cura para a SIDA e resolveriamos o problema do aquecimento global.
As crianças iam todas à escola de barrigas aconchegadas e corpos agasalhados.

Verdade verdadinha, se os sindicatos não tivessem convocado a greve, se os professores não aderissem a ela e os alunos pudessem fazer o exame nacional a retoma da economia era coisa certa e seriamos todos completa e genuinamente felizes!




2 comentários:

  1. A fina ironia fere como uma lâmina, vale mais do que a gritaria.
    :-)

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  2. Sem dúvida. Nem percebo como ainda não tinha alcançado.

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