12.4.10

O Presidente da República mente!

Na inauguração da Avenida Marechal António de Spínola, o Presidente da República Portuguesa afirmava sobre Spínola que:

"Todos lhe reconhecem a inteireza de carácter, o seu imenso amor à pátria, o seu arreigado sentido do dever, o espírito de leal camaradagem e o empenho que sempre colocou na defesa dos seus homens".

Ora eu não lhe reconheço nenhuma inteireza de carácter, aliás, a única coisa que lhe reconheço a nível de carácter é a enorme falta que nos fez ele ter um bocadinho disso.

Tampouco reconheço em Spínola um grande (pequeno também não) patriota, nenhum fascista é patriota segundo a minha definição de patriotismo.

Sentido de dever e espírito de leal camaradagem só se for para com o ditador Francisco Franco para quem recrutou homens durante a guerra civil espanhola.

Empenho na defesa dos seus homens, como bom oportunista, enquanto estes o servissem bem.

Agora numa coisa Cavaco Silva tem razão:

"Portugal concedeu-lhe as mais altas distinções, mas não estou certo de que tenhamos sempre estado à altura do exemplo de vida que nos legou".

Se tivessemos aprendido alguma coisa com ter tido na nossa História um escroque como o Spínola teríamos julgado e encarcerado semelhante criminoso em vez de o condecorar e de lhe fazermos avenidas...

Este "post" vai longo, mas ficará ainda maior.

Segundo Cavaco Silva, Spínola, "lutou por um Portugal verdadeiramente democrático e pela construção de um Estado de Direito assente no respeito pela dignidade da pessoa humana".
Eu sei que não devia chocar-me com isto, afinal é o Cavaco Silva e todos sabemos o que a casa gasta, mas...
Como é que alguém em seu perfeito juízo é capaz de fazer esta afirmação sobre um homem que queria manter as colónias?

Sobre um homem que orquestrou os golpes contra-revolucionários, que era um rato oportunista que aproveitou a sua alta patente militar para se infiltrar e minar a aplicação do programa do MFA e a aliança Povo-MFA.

Sobre um homem cuja acção a partir do 25 de Abril sempre foi no sentido de impedir ou destruir as suas conquistas.

Mas a localização da nova avenida tem lógica: o prolongamento da Avenida dos Estados Unidos da América. Nessa linha de pensamento a nova avenida também podia levar o nome do Doutor Mário Soares (seria igualmente nojento e lógico).

Ainda bem que terá uma estátua. Já tenho onde vomitar a próxima vez que for a Lisboa...


"Porém em quintas vivendas
palácios e palacetes
os generais com prebendas
caciques e cacetetes
os que montavam cavalos
para caçarem veados
os que davam dois estalos
na cara dos empregados
os que tinham bons amigos
no consórcio dos sabões
e coçavam os umbigos
como quem coça os galões
os generais subalternos
que aceitavam os patrões
os generais inimigos
os generais garanhões
teciam teias de aranha
e eram mais camaleões
que a lombriga que se amanha
com os próprios cagalhões.
Com generais desta apanha
já não há revoluções."

-As portas que Abril Abriu
José Carlos Ary dos Santos

Um comentário:

  1. A reescrita da história é feita pela direita no quadro da luta ideológica. Diz-se que a história é escrita pelos vencedores. Por isso, o Cavaco faz o seu papel. Como age em função da sua esperança de vida e o que conta para ele é ter certeza de ter o conforto que não sabe se teria noutras circunstâncias, o estímulo para fazer diferente do que faz não é nenhum. Assegura o seu mesquinho curto prazo e quem vier depois que feche a porta. Desprezível quanto baste, suporta-se no elogio dos igualmente mesquinhos ou, no caso, dos patologicamente maus. O Spínola devia ter sido internado no Miguel Bombarda em pequenino.

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