1.5.10

1º de Maio - 120 anos


Na luta pelas 8 horas de trabalho diário diversas organizações de trabalhadores dos EUA convocam uma greve de enormes proporções para o 1º de Maio de 1886.
Em Chicago dezenas de milhar de trabalhadores em greve reúnem-se em manifestação, a repressão policial faz-se sentir de maneira violenta em muitas empresas.
A 4 de Maio, num comício de solidariedade com os trabalhadores de uma empresa onde a repressão chegara a provocar mortos e feridos graves foi lançada uma bomba para o meio do público. A pretexto da bomba muitos quadros sindicais são presos e condenados a trabalhos forçados. Oito deles foram condenados à morte e enforcados.

No congresso fundador da II Internacional (Paris, 14 de Julho de 1889) os "mártires de Chicago" são homenageados e a data 1º de Maio proclamada como jornada de luta por direitos laborais a nível mundial.

“Será organizada uma grande manifestação internacional numa data fixa de modo a que, em todos os países e em todas as cidades em simultâneo, num mesmo dia, os trabalhadores reclamem dos poderes públicos a redução legal da jornada de trabalho, e a aplicação das outras resoluções do Congresso Internacional de Paris.Tendo em conta que uma tal manifestação foi já convocada para o 1º de Maio de 1890 pela American Federation of Labour, no seu congresso de Dezembro de 1888 em St Louis, é esta a data adoptada para a manifestação internacional.”.

Embora com datas diferentes, o 1º de Maio foi assumindo, uma grande importância e um forte simbolismo nas lutas dos trabalhadores, sendo ponto de afirmação política extremamente importante também em Portugal, nomeadamente durante a ditadura.

Nos 120 anos do 1º de Maio continua a fazer falta sair à rua e defender e exigir direitos laborais. Tristemente. no nosso país até faz de novo sentido lutar-se pelas 8 horas de trabalho diário, direito que a flexibilidade horária e o trabalho por turnos querem distorcer ou mesmo ignorar.

O 1º de Maio é para se sair à rua, com muita, muita gente e gritar e exigir e defender os direitos que são nossos. Em Portugal é afirmar Abril, com o ideal que o liderou, como em Maio de 1974.

Eu, pelo 3º ano consecutivo, não irei a nenhuma manifestação, não gritarei nem exigirei. Vivo numa terra onde os caciques mandam, onde as estruturas sindicais estão minadas pelo patronato, onde as pessoas trabalham muitas vezes de sol a sol, onde os indígenas são tratados abaixo de cão e onde a propaganda consegue mesmo difundir o individualismo. Onde o exército patrulha as ruas e ninguém acha estranho, onde crianças de 3 ou 4 anos vendem cigarros, pastilhas elásticas e rosas, às 3 da manhã, em bares onde se consome cocaína.
Hoje o mercado tem os postos todos abertos e muita gente como todos os sábados, os supermercados estão abertos, os mini-mercados também, todas as lojas, restaurantes, cafés, tudo.

Chiapas pode ser muito neo-zapatista, mas está muito longe de ter 1º de Maio...

2 comentários:

  1. Excelente texto: não apenas pela oportunidade de recordar as «origens», mas igualmente pela transposição para a situação concreta dessa região do México.

    Um beijo amigo.

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