11.6.09

Há 4 anos

Há quatro anos morreu uma das pessoas que mais gosto me dá ter conhecido.
Há quatro anos morreu o General Vasco Gonçalves.


Não muito tempo depois de o meu cérebro desenvolver capacidades para a análise política ganhei um carinho muito grande (e muito racional apesar de ser uma emoção) pelo Vasco Gonçalves. Suponho que ganhei esse mesmo carinho que nutrem por ele as gerações dos meus pais e dos meus avós (a minha não em tão grande escala por ignorância e por calúnia). Aproveitei, sempre que pude para assistir aos debates a que ia, em que falava (e isto aos 80/80 e poucos anos), não do que devia ter sido e não foi, mas pondo os pontos nos is em algumas questões e sobretudo, falando do que havia para fazer, do que ainda tinha que ser, com os olhos postos no Futuro.



Tinha um hábito (e não era o único) que me agrada particularmente: falar de Portugal e do povo português na primeira pessoa do plural, não na primeira do singular, não na terceira. Não como algo que lhe pertencesse nem que lhe fosse alheio, mas sim como um colectivo no qual se incluía.
Por essa forma de falar, apaixonada, cheia de vontade e de esperança chamaram-lhe sonhador, chamaram-lhe louco, mas nenhum louco tem a clareza que tinha este homem e... "Sempre que um Homem sonha o Mundo pula e avança".


Devemos muito ao Vasco Gonçalves. À sua dedicação ao nosso País, à sua clareza de pensamento quando tocava às alianças que devia fazer, à sua rectidão, ao seu enorme altruísmo e ainda maior coragem. Devemos, como Povo, aos governos provisórios de que foi primeiro ministro (e particularmente ao V), enormíssimos progressos sociais. A nacionalização da banca e dos seguros, dos tranportes, dos principais sectores da economia; o salário mínimo, os subsídios de férias e de Natal, as férias pagas, a reforma agrária. Alguns já foram perdidos e lutamos por os recuperar, outros ainda lutamos por manter. Claro que não é trabalho só dele, nem ele nunca o afirmou, nem me passaria pela cabeça afirmá-lo eu, mas que teve muita importância, ai isso teve!


Claro que trabalhar para o Povo e o País deu direito a que uns quantos desenvolvessem um ódio visceral contra ele e que lhe tivessem muito medo ao mesmo tempo. Por isso era preciso tirá-lo do poder e dos quartéis e assim aconteceu, recorrendo ao engano e à calúnia. Mas não o retiraram da memória colectiva dos portugueses, isso não é possível e duvido que haja algum chefe de governo já retirado que alguma vez tenha recebido um aplauso mais caluroso e solidário que o que o Vasco Gonçalves recebeu no Pavilhão de Matosinhos em 1998 aquando da Cimeira Ibero-Americana.

Enfim, este "post" já vai grande e o que eu queria mesmo era, no quarto aniversário da sua morte, deixar uma merecida homenagem ao Companheiro Vasco que é, como diz a minha mãe, "o único primeiro ministro de jeito que este País teve".

2 comentários: