20.10.09

O caráter incriticável das religiões


As recentes (e críticamente provocatórias) afirmações de José Saramago sobre a Bíblia têm suscitado polémica! Era de prever! Curiosamente a Igreja Católica (assim como o Islão) parece achar que tem o direito de criticar os outros, impôr costumes e morais muitas vezes perfeitamente ignóbeis (basta pensar na postura que têm em relação à IVG ou esta ou esta) mas que ninguém tem o direito de dizer deles seja o que for.

Ora, reconhecendo que as afirmações de Saramago se assemelham a um golpe publicitário pra o seu novo livro (publicidade de que nao precisa), tenho que admitir também que gosto que as faça abertamente pondo em jogo o carácter incriticável da religião.

Tendo em conta a lavagem cerebral que se permite à Igreja, acho perfeitamente legítimo que à cerca dela se teçam as considerações que bem se entender. O que acho absolutamente patético é que à conta delas se diga que Saramago devia renunciar à cidadania portuguesa!

E que seja Mário David, eurodeputado do PPD-PSD, antigo assessor público de Durão Barroso, Secretário de Estado de Santana Lopes, actual vice-presidente do Partido Popular Europeu e desde 1989 ligado às políticas europeias que grandemente contribuiram para a falência do aparelho produtivo português, a fazê-las deixa-me verdadeiramente estupefacta!

"José Saramago, há uns anos, fez a ameaça de renunciar à cidadania portuguesa. Na altura, pensei quão ignóbil era esta atitude. Hoje, peço-lhe que a concretize... E depressa! Tenho vergonha de o ter como compatriota!" (Mario David)



Eu não tenho vergonha de ser compatriota de ninguém (embora Santana Lopes quase me faça ter) porque sei que a minha pobre pátria, como outras, tem destes azares, de que lhe nasçam em cima oportunistas, mentirosos, trapaceiros, desprovidos de ética como Mário David e os seus correligionários partidários e de políticas. Mas se tivesse não seria concerteza de Saramago, mais provavelmente seria de Mário David.

Mas se tanta comichão faz ao eurodeputado do PPD-PSD ser compatriota de Saramago permitam-me apresentar-lhe a mais simples das soluções: Renuncie à nacionalidade portuguesa, meu caro! Asseguro-lhe que não sentiremos a sua falta!

Recomendo a leitura deste "post" sobre o tema.

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